Fotografia


Despertar – Octavia E. Butler (Um novo modo de vida)

Enquanto eu lia Despertar só conseguia pensar na seguinte frase: “Não é o mais forte que sobrevivenem o mais inteligentemas o que melhor se adapta às mudanças”. Este é o primeiro livro da série Xenogênese da autora Octavia E. Butler e foi publicado aqui no Brasil em 2018 pela editora Morro Branco.

Já compartilhei o meu amor por essa autora aqui no blog e já estava com saudades de ler algo dela. Por isso, decidi participar de uma leitura coletiva organizada pela Morro Branco. Como eu estava de ressaca literária, iniciei a leitura sem muitas expectativas, mas fui surpreendida de uma forma que nem consegui seguir o cronograma e tive que ler tudo de uma vez.

E não existe outra forma de começar a resenha de Despertar sem jogar a real: o mundo acabou! Os humanos conseguiram eternizar uma guerra que pôs em risco a sobrevivência do planeta. E agora, 250 anos depois, a raça alienígena que resgatou os poucos humanos que sobreviveram, está preparada para devolvê-los à Terra. Lilith Iyapo é antropóloga e uma das sobreviventes; ela perdera seu companheiro e seu filho em um acidente de carro. Ela foi a escolhida para despertar e treinar os outros humanos antes de voltarem para a Terra.

250 anos depois…

Para a maioria das espécies, o diferente é ameaçador. O diferente é perigoso e vai matar você.

Despertar

Mas não é a primeira vez que Lilith desperta em um quarto, porém dessa vez ela acorda disposta e com roupas para vestir. Apesar de não fazer ideia de onde está, ela acredita que passará por mais um interrogatório de seus captores. A jovem acredita que quem a capturou foram os russos, pois ela presenciou os dias finais da guerra nucelar que destruiu o planeta; mas se sobressalta ao descobrir que os seus captores, na verdade, são alienígenas.

Ela não faz ideia de como foi parar naquele lugar, mas os alienígenas acreditam que Lilith está pronta para sair da animação suspensa e conhecer a sua raça . De início, a jovem tem uma repulsa extrema e demora para se acostumar com aparência dos Oaankali, porém, aos pouquinhos, vai se adaptando ao estilo de vida deles. Os Oaankali são donos de uma tecnologia incrível, além de serem especialistas em biogenética. Eles se interessaram pelos humanos e enquanto os mesmos estavam adormecidos, os Oaankali aproveitam para estudá-los e manipulá-los. Os alienígenas tiveram tempo de sobra para aprender sobre a vida humana; eles conseguem identificar nossos defeitos, qualidades e necessidades melhor que nós mesmos.

O que me assusta é a ideia de ser manipulada. Ouça, nenhuma parte em mim define melhor quem eu sou do que meu cérebro.

Despertar – Octavia E. Butler
Despertar - Octavia E. Butler (Um novo modo de vida)

Uma raça intrigante

Eu preciso dizer que fiquei fascinada pelos Oaankali. É claro que, assim como a Lilith, senti uma falsa segurança com a presença deles. Mas se trata de uma raça intrigante, que desperta a nossa curiosidade. Eles são divididos em três gêneros e além do feminino e masculino que já conhecemos, existe o gênero neutro chamado de ooloi. Este é o que os conecta entre si e entre as raças com quem querem fazer a permuta genética.

Despertar - Octavia E. Butler (Um novo modo de vida)

E é essa permuta genética que nos faz entender o porquê do interesse pela raça humana, mas não vou entrar em detalhes, pois não quero estragar a experiência de ninguém. O fato é que Despertar me fez refletir sobre vários assuntos. Demorei para me conectar com a protagonista e essa conexão só aconteceu quando parei para me colocar no lugar dela. Lilith está sozinha, vivendo em uma planeta desconhecido e convivendo com uma raça superior aos humanos. Mesmo apreensiva, ela precisa se decidir entre continuar vivendo nestas condições (apesar de tudo os Oaankali a tratam muito bem) ou se deve voltar para a Terra e recomeçar do zero (já que o planeta não possui mais nada do que conhecemos).

Se tem uma coisa que eu aprendi com os livros da Octavia E Bultler é que sempre irei terminar a leitura atormentada. Esse fascínio dos Oaankali pelos humanos, me deixou reflexiva sobre manipulação e consentimento. Sem falar que quando Lilith despertou outros sobreviventes para iniciar o tal treinamento, fiquei pensando se realmente era inteligente reconstruir o nosso planeta. Todos estavam apreensivos e desconfiados, mas era impossível sentir empatia com alguns que foram escolhidos para retornar à Terra.

Você abriria mão do que é para evoluir?

Meu familiar não é masculino nem feminino. O nome de seu sexo é ooloi. Por ser ooloi, entende o seu corpo. No mundo de onde você vem havia um grande número de seres humanos mortos ou moribundos para estudar. Ooloi de nosso povo acabaram entendendo o que poderia ser normal ou anormal, possível ou impossível, para um corpo humano. Ooloi que estiveram no planeta ensinaram quem ficou aqui. Meu familiar estudou seu povo por grande parte de sua vida.

Despertar – Octávia E. Butler

Mesmo com todo o aperfeiçoamento, sabendo e presenciando os momentos finais do planeta, alguns humanos não aprenderam nada com o ocorrido. E isso fez com que eu pensasse sobre a nossa busca constante por evolução. Nunca estamos satisfeitos e queremos buscar a solução para tudo. Todavia, será que valeria a pena se para ter estas melhorias, fosse necessário mudar nossa forma e aparências? Deixaríamos de ser menos humanos? Conseguiríamos começar do zero? Sobreviveríamos com instrumentos limitados?

Sem dúvidas, Despertar foi uma leitura que me tirou da zona de conforto e me deixou ansiosa para ler a sequência. Será que Lilith é uma personagem confiável? Os humanos já se perderam antes e agora precisam buscar reconstrução. Em quem confiar? Já quero ler a sequência.

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comentários

  • Renata Cezimbra (Lady Trotsky)

    Oi Clayci, tudo bem?
    Primeiramente, MIMSINA a fazer essas fotos LINDAS! Altamente necessito esse aprendizado porque as minhas fotos parecem sem graça comparadas às tuas, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    Segundo e realmente importante, é só eu que estou enxergando com força uma semelhança daquelas entre essa série da Octavia E. Butler e a série de jogos Xenosaga? As premissas de ambas são parecidas até o talo! Será que os criadores leram essa série?
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky…
    http://www.osvampirosportenhos.com.br

    responder
  • Maria Paula de Barros

    Eu tenho muita curiosidade em conhecer os livros da Octavia, porque só vejo resenhas incríveis e enaltecendo a escrita sem precedentes dessa mulher. Amei sua Resenha e mais uma vez fiquei curiosa com essa obra!

    responder
  • Leticia Rodrigues

    eu necessito ler as obras dessa mulher mas confesso que sinto um receio porque ando bem afastada de obras scifi, mas sempre que leio resenhas animadas como a sua sobre obras delas eu fico ”ok preciso ler me dá um agora” kkk.
    e quanto a frase “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” nunca foi tão real e tão mais objetiva e com sentido do que as outras q ja conhecemos.

    responder
  • Mara Santos

    Desde que li uma opinião sua sobre a autora quis ler um livro dela e essa frase que você destacou no início da sua resenha só fez minha vontade aumentar. Fui lendo a resenha e me penalizando por ainda não ter lido, só me falta dinheiro mesmo para adquirir os livros, mas é certo que ela é uma autora prioridade na minha lista!
    Parabéns pela resenha e por essas fotos maravilhosas!!!

    responder
  • PS Amo Leitura

    Ainda não tive a chance de ler nada da autora, mas vendo sua resenha e como isso te fez sair da zona de conforto, imagino que me proporcionaria a mesma sensação e uma boa leitura. O que me deixou mais intrigante foi a sua pergunta: “você abriria mão do que é para evoluir?”. Juro que isso me fez pensar – e muito.

    Como sempre, fotos maravilhosas e a resenha, então, nem se fala.

    responder
  • Erika Monteiro

    Oie, tudo bem? Primeiro deixa eu elogiar suas fotos… que coisa mais linda. Quanto a autora confesso que não li nenhuma de suas obras mas já vi muito elogios. Com relação aos que melhor se adaptam é que continuarão “vivos” é a frase defendida por meus amigos. É preciso saber se reinventar e se adequar à nova realidade. Um abraço, Érika =^.^=

    responder
  • Camyli

    Oi, Clayci
    Por sua resenha, me parece ser uma leitura muito boa, ainda não li nada da autora mais tenho muitas curiosidade, anotei por aqui para leituras futuras!

    responder
  • Maria Luíza Lelis

    Oi, Clayci! Tudo bem?
    Você me deixou sofrendo agora, porque eu já estava doida para ler esse livro antes e agora eu preciso desesperadamente. Tenho muita vontade de conhecer a escrita da autora e, de todos os livros dela, esse foi o que me deixou mais curiosa. É uma leitura totalmente fora da minha zona de conforto, mas achei a premissa incrível e fiquei curiosa pelos temas que ela aborda. Parece que é um livro para realmente tirar o leitor da zona de conforto e trazer reflexões.
    Amei sua resenha e essas fotos estão simplesmente maravilhosas.
    Beijos!

    responder
  • Thayza Fonseca

    Olá!
    Não conhecia esse livro e me surpreendi muito com a resenha, pois de cara eu pensei que iria tratar de outro assunto. Eu pulei a sinopse e fui direto para sua opinião e que surpresa boa perceber que esse livro talvez seja uma leitura que me agradaria muito. Já coloquei na lista de leitura para conferir assim que sobrar um tempo.

    Obrigada pela dica, beijos.
    Leitura Terapia

    responder
  • Lilian Farias

    Menina, quero tanto ler esse livro, está me minha meta de comprar porque esse é um daqueles que precisamos do físico, de ato, concordo com o início de seu texto, se adaptar, ser resiliente, diz muito sobre como sobreviver em determinadas situações.

    responder
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