Quando resenhei o primeiro livro que eu li da V.E. Schwab aqui no blog, deixei claro a minha dificuldade em falar sobre ele. Vilão me fez refletir sobre as coisas que realmente são importantes na minha vida. E agora que li A vida invisível de Addie LaRue, sinto que nunca vou conseguir descrever esta obra de arte.
Estou evitando comprar livros novos, mas depois que eu vi a Ada recomendar esta leitura em seu Instagram, decidi dar uma chance. Participei da leitura coletiva e fiquei tão envolvida com a narrativa, que nem segui o cronograma. Finalizei antes do prazo e fiquei me perguntando: por que não li este livro antes?
O que é uma pessoa, senão as marcas que ela deixa?
Não quero pertencer a ninguém, senão a mim mesma. Eu quero ser livre. Livre para viver e encontrar meu próprio caminho, para amar ou para ficar sozinha, mas pelo menos é minha escolha, e estou tão cansada de não ter escolhas, com tanto medo dos anos que passam correndo sob meus pés. Não quero morrer como vivi, o que não é vida
A vida invisível de Addie Larue
Esse quote te prepara pro que vai acontecer na história! Addie, ou melhor: Adeline, é uma jovem francesa que está cansada de não poder fazer escolhas. Mas que tipo de escolhas uma jovem poderia fazer em 1714? Ela estava destinada a se casar, ter filhos e viver a vida que seus pais escolheram pra ela. Só que Adeline não queria pertencer a ninguém!
Quando criança, fez amizade com uma senhora que vivia na floresta. Ainda que seus pais não gostassem dessa aproximação, Adeline sempre dava um jeito de conversar com ela. E foi assim que a jovem aprendeu a rezar para os Deuses da natureza. Os anos foram passando e apesar de não ter nenhum dos seus pedidos atendido pelos Deuses, Adeline sentia que merecia uma vida melhor.
Até que o dia do seu casamento chegou! Desesperada para fugir desse compromisso indesejado, Adeline escapa para pedir ajudar aos Deuses da floresta. No entanto, ela não se deu conta do tempo e se esqueceu do conselho que lhe foi dado: não rezar para os Deuses que respondem depois do anoitecer.

Qual é o preço da liberdade?
Depois de anos tentando, sua súplica finalmente foi atendida. A jovem pediu tempo e liberdade para viver fazendo as suas próprias escolhas. Entretanto, quando não quisesse mais viver, teria que entregar a sua alma. Parecia um acordo justo, pois ela seria livre. Todavia, não demorou muito pra ela descobrir o preço desse pacto. Ninguém se lembra dela! As pessoas se esquecem de Adeline quando elas dão as costas. E se não bastasse, a jovem não consegue mais pronunciar o seu próprio nome e nem deixar nenhuma marca no mundo. E foi assim, se tornando imortal, que Addie viveu e presenciou momentos na História sem poder deixar o seu rastro.
O maravilhoso desta leitura é poder acompanhar a transformação de Addie conforme o tempo passa. A escrita da autora é tão sensível e delicada; é como se ela estivesse ali, contando a historia na sua frente. A todo momento eu só queria dizer para Addie: Eu me lembro de você! Mas este não é um romance com reviravoltas e nem há tanto suspense como eu imaginava que teria. É claro que Isso não estragou a minha experiência. Contudo, em alguns momentos me senti entediada.
As coisas começaram a mudar com a presença de Henry! Ele é a única pessoa capaz de se lembrar de Addie. Isso fez com que eu ficasse curiosa e avançasse na leitura! Embora eu tenha achado este personagem um porre, admito que ele foi importante em sua vida. Henry sempre se sentiu pela metade e o encontro dos dois foi marcante. Trezentos anos é muito tempo para ficar sozinha. Addie consegue se lembrar de cada detalhe que viveu e isso a atormenta diariamente
Como eu sempre tenho uma queda pelos “vilões”, foi Luc que despertou o meu interesse. Foi ele quem aceitou o pacto com a Addie! No entanto, esse meu interesse foi devido a sua personalidade, por isso não consigo romantizá-lo. Ele é manipulador e faz de tudo para destruir a personagem. Em alguns momentos ele demonstra atitudes apaixonantes e até age com sedução. Mas ele é intimidador, temperamental e quer arrastar Addie para a escuridão de todas as formas possíveis.
A vida invisível de Addie LaRue: Eu me lembro de você!
Sem dúvidas esta leitura entrou para a minha lista de favoritos da vida. Quando fechei o livro, só conseguia pensar em uma frase do Jose Saramago: Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.
Nunca cheguei a comentar por aqui, mas eu sempre tive medo de “ser esquecida”. Foi depois de muitas sessões de terapia que eu descobri que esta fobia tem nome: atazagorafobia. É o medo irracional de ser esquecido ou ignorado. Pode parecer um medo bobo, mas provoca sensações angustiantes. Geralmente ela vem acompanhada de crises de pânico, palpitações e um medo descontrolado.
Por isso não foi difícil me apegar à Addie. Durante a leitura somos confrontados com questões existenciais. Parei pra refletir do que somos feitos e o quanto nossas memórias são importantes. A solidão da personagem é apavorante! Logo após o pacto e ver como os seus pais e amigos não se lembravam de Adeline, isso fez com que despertasse essa fobia em mim. É um pesadelo imaginar que as pessoas que você mais ama, não se lembram de você!
Por esse motivo, consegui entender a sua ligação com Luc. Mesmo tendo consciência de que não é amor e não pode ser romantizado, ele era o único “ser” a quem Addie podia se apegar. Foi uma leitura incrível! Uma experiência maravilhosa e vou começar a panfletar A vida invisível de Addie LaRue.
— Porque o tempo é cruel com todo mundo, sobretudo com os artistas. Porque a visão enfraquece, as vozes definham, e o talento desaparece. — Ele se aproxima e enrola uma mecha do cabelo de Addie no dedo. — Porque a felicidade é breve, mas a história é duradoura e, no fim, todo mundo quer ser lembrado.
A vida invísivel de addie larue

A vida invisível de Addie LaRue
V.E. Schwab
- Autoria:
- V.E. Schwab
- ISBN:
- 978-6555872552
- Editora:
- Galera
- Páginas:
- 504
Juliana Ferreira
Que leitura bacana e interessante, fiquei super curiosa de ler esse livro após a sua resenha
Beijos
http://www.pimentadeacucar.com
Renata Carvalho
Me pareceu ser uma história bem forte, rica e incrível, cheia de coisas que nos levam a refletir e isso é sempre muito bom, numa época em que ninguém questiona mais nada e aceita a primeira coisa que reforça a própria crença.
Amo esses livros que explodem a nossa cabeça, mas no bom sentido, haha. Fiquei curiosa com esse.
Beijos,
Livro de Memórias
Babi
Oie
Acho a capa desse livro lindo e pelo que ouço todo mundo falar é incrível, mesmo assim tem algo que me faz ter algum receio com este livro.Não sei explicar .
Amei as fotos e os quotes.
Beijos
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com
Camila Faria
300 anos de solidão, UAU, não consigo nem imaginar. Que leitura bacana Clay, aposto que é um desses livros que trazem MUITA reflexão, mesmo depois que a gente termina de ler. Como sempre, sua resenha foi impecável. Um beijo :*
Larissa
Amo o tema da memória e fiquei com muita vontade de ler esse livro! (Ainda mais porque também amo Saramago e teve citação dele em meio a essa sua resenha linda.)
Betty Gaeta
Estou com este livro separado para ler e estava em dúvida se o lia ou não, depois de sua resenha, vai ser meu próximo livro!
Beijos