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Por Lugares Incríveis – O que eu aprendi com Theodore Finch

Assim que Por Lugares Incríveis entrou no catálogo da Netflix corri para assistir. Estava ansiosa para conferir esta adaptação, pois esta leitura me emocionou bastante na época em que eu li.

Por Lugares Incríveis vai contar a história de Violet e Finch que se conheceram de uma forma bem inusitada: ambos estavam pensando em cometer suicido. Violet não consegue aceitar a tragédia que tirou a vida de sua irmã e Finch está lutando com a sua saúde mental. No entanto, entre tantas adversidades, eles acabam se aproximando e salvando um ao outro.

Essa afinidade surge quando um professor atribui uma tarefa em classe e eles precisam trabalhar em dupla. Logo percebem que o amor é a única coisa capaz de ampará-los; então fazem de tudo para se manterem estáveis através desse sentimento. Como eu disse no início da publicação, este livro mexeu bastante comigo na época em que eu li. É uma leitura que recomendo, mas gosto de deixar claro que contém gatilhos e assuntos extremamente delicados.

Um filme que vale a pena assistir

Gostei da adaptação, principalmente do ator escolhido para interpretar o Finch. Acredito que o diretor Brett Haley conseguiu levar para as telas o que realmente importa. Ele trabalhou em questões importantes como: depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, bullying e conseguiu fazer com que eu me emocionasse.

O fato de me emocionar com o filme pode não dizer muito sobre ele, pois eu sou uma manteiga derretida e talvez a história não amoleça o seu coração. Contudo fiquei refletindo sobre a minha adolescência e todas as dificuldades que enfrentei naquela época. Hoje tenho maturidade suficiente para reconhecer o drama que eu fazia na maioria das vezes. Mas não sei dizer em que fase da minha vida – se foi quado entrei no mundo dos adultos e dos boletos – que comecei a pressupor que os adolescentes não sabem o que é amor verdadeiro. Quando na realidade as nossas primeira experiências com a dor são muito mais marcantes. Então, quero compartilhar 3 lições que aprendi com Theodore Finch

1- Quando se trata de saúde mental, nem sempre conseguimos pedir ajuda

Theodore Finch quase não tem amigos e é chamado de aberração no colégio. As pessoas evitam conversar e costumam isolá-lo. Não conseguimos compreendê-lo logo de cara e é preciso empatia para entender a sua impulsividade. Finch tem transtorno bipolar e depressão, mas seu problema é negligenciado de todas as formas possíveis. Ele mora com a sua irmã mais velha e nem mesmo Kate consegue assimilar o seu problema. Assim como sua irmã, seus poucos amigos sabem que Theodore se afasta e se isola por algumas semanas, mas não sabem como ajudá-lo e aceitam quando ele diz que “está tudo bem”.

Na primeira vez que eu li o livro, demorei para compreender esse comportamento. O personagem tem muitas camadas e é preciso paciência para entender que esse isolamento acontece depois de grandes oscilações de humor e emoções. No livro ele dormia por semanas e no filme isso foi trabalhado de um jeito diferente. Mas quando ele estava “desperto” só conseguia pensar em formas para tirar a própria vida.

todo mundo tem a sua forma de lidar com a dor

Violet também está com dificuldades, pois perdeu a sua irmã em um acidente de carro e desde então não consegue seguir em frente. Ela não quer mais andar de automóvel, se afasta de suas amizades e faz de tudo para não ter que realizar tarefas que exigem interação no colégio. Embora a experiência de cada pessoa sobre o luto seja única, Violet não se dá conta de que está se entregando e desistindo de viver.

Theodore reconhece os sinais e sente que precisa salvá-la, no entanto ele também precisa de ajuda. Só que as pessoas não conseguem enxergar isto. Nem sempre conseguimos identificar o problema de alguém logo de cara. Não sabemos se a pessoa está enfrentando uma batalha interna, por isso precisamos ser empáticos na hora de abordar alguém.

A verdade é que eu estava mesmo doente, mas não com uma simples gripe. De acordo com minha experiência, as pessoas são muito mais compreensivas se conseguem ver a sua doença

Livro: Por Lugares Incríveis

2 – Há beleza em tudo

Praticar o amor próprio é um processo complicado e exige paciência. Mas aceitar a si mesmo e todas as suas excentricidades já é um grande passo. Finch não tinha o apoio que precisava, mas gostava de mostrar para Violet que havia beleza em tudo, até mesmo nos lugares mais inapropriados.

Eles conheceram lugares incríveis, não pela popularidade e sim pela simplicidade. Locais que passariam despercebidos pela maioria das pessoas, porém com muitas Histórias. Acho que essa é uma das mensagens mais importantes que a trama quer transmitir: que vale a pena viver e que você pode encontrar a felicidade, mesmo quando tudo está desmoronando.

Aprendi que existem coisas boas no mundo, se você procurar por elas. Aprendi que nem todo mundo é uma decepção, incluindo eu mesmo, e que um salto a 383 metros de altura pode parecer mais alto que uma torre de sino se você estiver ao lado da pessoa certa

Por lugares Incríveis

3- Não tem problema nenhum em ser diferente, mas será que isso não é um pedido de socorro?

Por Lugares Incríveis - O que eu aprendi com Theodore Finch

Finch tem as suas peculiaridades e as pessoas o chamam de aberração por conta da sua personalidade. Tanto no livro quanto no filme, fica parecendo que o personagem só quer chamar atenção e ser o “diferentão” do colégio. O fato dele se isolar, sumir por semanas, se trancar em um guarda-roupa, se afastar de tudo é visto como se fosse “o jeito dele”. Só que não é!

Ele tem pensamentos suicidas com frequência e é possível identificar a sua insatisfação através de suas atitudes. Mas por ser adolescente, tudo isso é negligenciado e visto apenas como uma fase. O próprio orientador do colégio demonstra não ter tato para lidar com o jovem e acredita que a sua rebeldia é passageira. E sabe o que é mais interessante? Que em algum momento da história você pode pensar o mesmo. Ele está sorrindo, se divertindo, namorando, saindo, logo desistiu da ideia de cometer suicídio. É só o jeito dele!

Não tem problema nenhum em ser diferente. Você pode gostar das coisas mais estranhas, se interessar por assuntos que dificilmente alguém se interesse. Contudo é preciso se atentar aos sinais e identificar quando alguém precisa de ajuda. Quem tem pensamentos suicidas, dificilmente vai se abrir com todas as letras. Isso tudo porque a depressão ainda é vista como “frescura”. Precisamos conversar sobre isso, sempre.

TRAILER DE POR LUGARES INCRÍVEIS

O filme já está disponível na Netflix! Você já leu/assistiu Por Lugares Incríveis?

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comentários

  • Luana Santos

    Confesso que não esperava o final do filme como foi,mas não conseguir entender de cara o quão completo esse filme é. Não conseguir parar de pensar nele,então fui procurar mais sobre. Confesso que não tinha identificado qual era o problema dele ,também não tinha entendido a complexidade de tudo ,até lê esse texto. Agora entendo porque um final tão trágico e vejo quão realista todo o filme é, principalmente por não mostrar apenas sobre os protagonistas. Antes estava com ódio do final,mas agora compreendo a mensagem passada e como o final foi fundamental para tal realização.
    Obrigada

    responder
  • Karolini Barbara

    Tem tempo que não venho por aqui, mas quero deixar claro que concordo em número e grau com tudo o que disse.
    Eu não li o livro, apenas assisti a adaptação da Netflix e posso dizer com todas as letras que me emocionei muito.
    Realmente, às vezes precisamos de ajuda e não tem como pedir. E isso fica claro no filme e o seu final sensacional, deixa bem nítida a ideia de como ele pode parecer “normal” que tudo agora iria se ajeitar, mas no entanto ele simplesmente toma coragem de fazer o que tanto pensou em fazer e as pessoas dizendo que era só o jeito dele. Bom, vale a pena muito ver esse filme, ele é maravilhoso.

    https://www.jinformal.com.br/

    responder
  • Celi

    O filme se transformou ainda mais encantador depois dessa linda descrição. Parabéns por sua sensibilidade em escolher as palavras certas para contar sobre essa história tão cheia de significados e altamente reflexiva! Adorei o filme e compartilhei seu link em meu perfil no Facebook, para que outros conheçam seu site. Beijos e até a próxima!

    responder
  • Letícia

    Acabei de assistir o filme não faz meia hora! Tenho ansiedade e depressão e não fazia ideia do que ia acontecer no final, se soubesse não teria assistido não sou forte o suficiente pra filmes assim pois me identifiquei muito com o personagem, principalmente quando estava muito feliz simplesmente do nada e depois meio bad!! Me sinto exatamente como ele e apesar de me tratar gostaria que me entendessem pois esse não é um jeito não é uma personalidade é uma condição emocional! Não quero acabar como ele!

    responder
    • Clayci

      Oi Letícia, espero que você esteja bem.
      Eu tentei alertar ao máximo sobre o gatilho e achei que deveria ter mais sinalizações, mesmo que não mostre a cena em si, mas causa impacto.
      Fiquei triste pq a bipolaridade dele não foi citada no filme e ficou parecendo que ele fazia tudo só pra chamar atenção.
      Você não vai acabar com ele, por favor <3 Sua vida importa e se precisar desabafar estou aqui. FIQUE BEM

      responder
  • Leticia Rodrigues

    assisti o filme e confesso que não consegui me apegar, a história é boa mas acho que foi mal executada, tudo sobre Finch ficou confuso, não deu pra entender o que acontecia com ele e nem deu tempo de se apegar, não li o livro ainda e fiquei curiosa porque no filme achei bem mal feito mas dizem que o livro é excelente.

    responder
  • Beatriz Andrade

    Amiga, eu quase morri de tanto chorar vendo esse filme, eu não li o livro ainda e não tinha ideia do que esperar na história. Percebi que o Finch precisava de ajuda tanto quanto ela e me incomodou ver que ninguém conseguia perceber isso, a irmã aceitava tão naturalmente quando ele dizia que estava tudo bem, achei que no livro isso era mais explorado, infelizmente isso acontece com muita gente que não sabe como pedir ajuda. O Final me destruiu, preciso muito ler o livro

    responder
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