Sombria e Solitária Maldição é uma releitura contemporânea de A Bela e a Fera. É da autora Brigid Kemmerer e foi publicado aqui no Brasil pelo selo Plataforma21.
A Bela e a Fera é um do meus clássicos favoritos e já perdi a conta de quantas vezes já assisti à animação da Disney. Sempre gostei de ver a paixão de Bela pelos livros – apesar de odiar com todas as minhas forças as investidas de Gastón. Contudo, nunca consegui compreender o meu sentimento pela Fera, pois apesar de querer que o feitiço fosse quebrado, no fundo, sentia que ele merecia aquela maldição por ser alguém tão egoísta e arrogante.
Quando soube que a Plataforma 21 iria trazer uma releitura desse clássico para o catálogo deles, fiquei bem animada. Esse foi o meu primeiro contato com a escrita da Brigid Kemmerer e agora entendo porque essa autora tem tantos fãs. Fiquei feliz em ler este livro antes do seu lançamento oficial aqui o Brasil.
Sombria e Solitária Maldição: Apaixone-se
Sombria e Solitária Maldição é uma releitura contemporânea de a Bela e a Fera. A história começa quando a Harper vê um homem sequestrando uma jovem inconsciente. Mesmo sabendo da sua limitação, ela sente que precisa ser ágil para salvá-la; mas ao confrontá-lo acabou sendo capturada no lugar da moça. De repente, como em um passe de mágica, Harper se vê em outra terra totalmente diferente do seu bairro em Washington.
O homem que a sequestrou se chama Gray e diz ser o guarda real do príncipe Rhen. Harper está confusa e não faz ideia de como foi parar nesse local; e por mais que ele tente convencê-la sobre o porquê dela ter sido capturada, a jovem só consegue pensar em sua família e em como conseguirá voltar parra casa. Sua mãe está doente e em fase terminal, já o seu irmão, se meteu em encrenca e ela quer estar por perto para ajudá-lo.
Entretanto, a jovem nem imagina como será difícil fugir dessa situação. Aos pouquinhos, Harper vai assimilando e juntando as peças do porquê ela foi parar naquele castelo. Ela descobre que está no reino Emberfall e que os moradores estão sob ameaça. O príncipe Rhen foi amaldiçoado por uma poderosa feiticeira chamada Lilith e foi condenado a repetir seu aniversário de dezoito anos por consecutivos outonos. Pensando assim, até seria uma boa ser jovem para sempre, não é mesmo? Mas com a chegada desta estação, ele se transforma em um mostro capaz de destruir tudo e todos que cruzarem o seu caminho. Esta maldição só será quebrada se uma garota se apaixonar e aceitá-lo por completo.
Essa maldição existe mesmo?
É claro que, de início, Harper não compra essa ideia. Fica difícil acreditar nessa maldição, amor verdadeiro e até mesmo na existência de um monstro. Sua vida sempre foi árdua e ela só quer voltar para a sua casa. A garota nasceu com uma limitação de movimento em decorrência a uma paralisia cerebral. Seu pai abandonou a família há muito tempo e por consequência disso, seu irmão assumiu as dívidas dele e está envolvido com as pessoas erradas. E o que dizer da sua mãe? Ela está morrendo por causa de uma doença e Harper só quer estar ao seu lado. Então, estar em um reino encantado, por melhor que possa parecer, é na verdade um pesadelo para a jovem.
Não consigo imaginar o que você enfrenta, milady. Não sei nada sobre sua terra nem seus costumes. Mas sei que sua coragem e gentileza parecem não ter limites.
Sombria e Solitária Maldição (pág.262)
Rhen está convencido de que esta será a sua última estação e que não sobreviverá para salvar o seu reino. Depois de tantos anos sofrendo por conta da maldição, ao encontrar Harper surge uma fagulha de esperança. O príncipe percebe que ela não é mais uma garota e sim sua única esperança. Mas será que Harper irá se apaixonar por ele? Afinal, ela foi sequestrada, independentemente do motivo e está longe da sua família. Seja o que for, ela sabe que está presa e que precisará sobreviver a esta maldição para conseguir voltar pra casa.
O que achei de “Sombria e solitária maldição”
Sinto que preciso começar falando da protagonista dessa história. Harper é uma garota determinada e extremamente inteligente. Ela tem uma restrição no movimento causado por uma paralisia cerebral, mas isso não é uma fraqueza para a jovem. Com uma personalidade forte, Harper não tem medo de enfrentar o desconhecido. Por conta das circunstâncias, ela inicia a história desconfiada e atacando tudo o que teme. Mas aos pouquinhos, ela mostra todo o seu potencial e coragem. Harper não concorda com a forma de governar do príncipe Rhen. Ele é estratégico e dificilmente deixa o sentimento falar mais alto. Porém, ao ver de perto os problemas causados por causa da maldição, ela vai entendendo as motivações e escolhas dele.
Há um momento durante a transformação de que estou ciente de quem sou e de onde estou. É um momento em que estou ciente do que sou.
Sombria e solitária maldição
E o que dizer de Rhen? Ele é um personagem complexo, que carrega vários traumas e mesmo assim sabe que precisa seguir em frente. Mas não consegui me apaixonar por ele – se o príncipe dependesse de mim para quebrar a maldição, Emberfall morreria na próxima estação. Ele sempre foi respeitoso e tenta proteger as pessoas que confiam nele. Contudo é tão arrogante e teimoso! Ele não sabe agradecer, não aceita outras perspectivas e quer que tudo seja do jeito dele. Parece até que estou me descrevendo e deve ser por isso que não curti tanto esse personagem, pois sei que estas qualidades afastam as pessoas.
Gray foi o meu personagem favorito da história
Mas se tem um personagem que me conquistou por completo, foi Gray. Definitivamente seria por ele que eu me apaixonaria. Ele é forte, durão, mas com um coração de manteiga. O guerreiro fez um juramento de lealdade para Rhen, por isso ele vive esta maldição com o príncipe. Gray foi o primeiro a confiar nos instintos de Harper. Seu lado protetor a ajudou compreender como as coisas naquele reino funcionavam. Sem falar que ele ensinou Harper a se proteger e foi um verdadeiro cavalheiro. Eu espero um livro só sobre o Gray, obrigada!
Confesso que fiquei com medo desse romance parecer a síndrome de Estocolmo. Por mais que seja uma releitura, fiquei feliz em ver que a autora criou um casal jovem. Mesmo imaginando para onde a história caminharia, gostei do desenvolvimento do romance entre eles. Harper estava desconfiada e o comportamento de Rhen não ajudava a melhorar esse sentimento. Ele podia ser teimoso e orgulhoso, mas em nenhum momento foi agressivo ou dominador.
Infelizmente, não sei como foi o seu comportamento com as garotas anteriores; já que não consigo aceitar o fato de que várias mulheres ficaram naquele castelo e só Harper foi capaz de despertar esse sentimento no príncipe. Entretanto, por ser a sua última chance e por estar deprimido, Rhen se sente esperançoso com a sua chegada. Ele não aguentava mais as transformações e a tortura da bruxa que causou tudo isso. Rhen estava cansado e queria se entregar.
O que Harper tem de tão diferente?
Harper é uma mulher de ação e liderança. Seu comportamento e desejo de salvar Emberfall, ir atrás dos criminosos e ajudar as pessoas do reino desperta otimismo em todos que cruzam o seu caminho. Eu só conseguia imaginar a personagem como uma coach. Brincadeira à parte, mesmo me envolvendo com a história e gostando da leitura, uma coisa me incomodou. De todas as mulheres que Rhen conheceu – e olha que foram muitas – só Harper tinha essas qualidades descritas no livro?
No entanto, gostei de conhecer Emberfall e Gray! Durante a história, nós veremos Harper em conflito, tentando decidir se salva o reino ou sua família. Inclusive achei que a autora trouxe uma excelente discussão a respeito: sobre se sentir responsável por situações que não temos controle. E Harper é um excelente exemplo, pois tenta assumir todos os problemas para si. Ela se sente culpada pela deterioração da saúde de sua mãe, por não conseguir ajudar a todos do reino e também por não conseguir se apaixonar por Rhen.
Temos que ter em mente que nem tudo está ao nosso alcance. Sob o nosso controle estão nossas opiniões, sonhos e desejos. Podemos escolher o que queremos para nossas vidas e como devemos nos comportar diante das situações. No entanto, não podemos controlar os fatores externos e gostei de como isso foi trabalhado no livro. Recomendo a leitura de Sombria e Solitária Maldição para todos que se apaixonaram pela Bela e a Fera.
Valeria santos
A Brigid kemmerer é uma ótima escritora. Mas esse livro é ruim demais. Me deu raiva blá-blá-blá.
Renata Cezimbra (Lady Trotsky)
Oi Clayci, tudo bem?
EU JÁ QUERO ESSE LIVRO! Releitura de “A Bela e a Fera” com uma protagonista que tem um problema de movimento devido a uma paralisia cerebral? Gente, essa autora já merecia um prêmio só pela ideia extraordinária! Até porque não é comum ver protagonistas com algum tipo de deficiência física mais clara, ou até mesmo cadeirantes. (Heróis de Novigrath, da Roberta Spindler, tem um protagonista assim.) Além de eu ter amado a premissa dele!
Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky…
http://www.osvampirosportenhos.com.br
Luana Souza
Que resenha maravilhosa, Clayci! Uma das minhas trilogias favoritas começou como sendo uma releitura de A Bela e a Fera, então obviamente fiquei interessada nessa história. Parece incrível, eu fiquei MUITO curiosa!!!
Beatriz Andrade
Que resenha maravilhosa e com fotos tão perfeitas! Eu fiquei curiosa com esse livro desde que te vi falando sobre ele lá no IG, agora que li a resenha completa eu fiquei ainda mais interessada. Parece ser uma excelente leitura
Isabelle
Olá 😀
Interessante esse livro (fora que a capa é linda <3). Gosto de releituras, e sendo de uma história que eu já gostava (apesar dos pesares, né?!), acho que vou curtir esse também. E isto sobre querer "controlar" o incontrolável, olha… me identifico! Excelente tópico que a autora resolveu colocar na história, viu?!
Vai já pra lista de leituras futuras!
Parabéns pela resenha e obrigada pela dica de leitura.
Beijinhos