Eu sou de uma época em que as fotos precisavam ser escaneadas antes de enviar para alguém de forma online. E, dependendo da conexão do provedor, levava um bom tempo antes de finalizar o upload. O perigo nas redes sociais sempre existiu, mas era diferente. Naquela época, a exposição era mais limitada e os riscos mais controlados. Hoje, com a facilidade de tirar e compartilhar fotos instantaneamente, o alcance e a velocidade da disseminação de informações aumentaram exponencialmente. E a privacidade, que já era uma preocupação, tornou-se um desafio ainda maior.
Desde que me tornei mãe, a forma como vejo e utilizo as redes sociais mudou significativamente. Antes, compartilhar momentos do meu dia a dia era algo quase automático, uma forma de me conectar e me expressar. Mas, com a chegada da Cora, essa necessidade de exposição foi sendo substituída por um desejo de proteger e aproveitar o presente.
Agora, estou sempre preocupada com a sua exposição nas redes sociais. O hábito de rolar o feed já não me interessa mais. Prefiro aproveitar e apreciar as pequenas coisas que antes eu não notava. Essa fase com Cora é tão rápida que, só de pensar que logo esses momentos se tornarão memórias, faz com que eu queira estar presente de verdade, acompanhando cada primeira vez, cada descoberta dela.
Criando Memórias Tangíveis e Seguras
Coisas que não chamavam tanto a minha atenção antes, como parar para admirar um pássaro comendo na grama, agora têm um novo significado. A maternidade trouxe uma nova luz para esses momentos simples. Não se trata apenas de vê-la feliz, mas de compartilhar essa felicidade com ela. Vejo o brilho em seus olhos enquanto observa atentamente, e isso é tão lindo. Esses instantes de pura curiosidade e alegria são muito mais valiosos do que qualquer curtida ou comentário nas redes sociais.
E confesso que estou muito preocupada com a exposição da Cora na internet. Tenho medo de que um conteúdo puro e ingênuo possa acabar nas mãos erradas. Além disso, o avanço das tecnologias, especialmente a inteligência artificial, traz novas inseguranças e medo de manipulação. Acho que esse é um medo real para os pais de hoje, um dilema constante entre querer compartilhar cada fase e proteger sua inocência.
Continuo registrando os momentos e descobertas da minha raposinha, mas agora compartilho de uma maneira diferente. Embora eu ainda publique algumas de suas fotos e marcos nas redes sociais, tenho me policiado mais na hora de selecioná-las. Dou preferência à impressão de fotos, criação de álbuns e até uma caixa de memórias com itens importantes da vida dela. A minha intenção é dividir esses momentos com quem realmente se importa, aqueles que acompanham nossa jornada com carinho e respeito.
Tentando Proteger a Privacidade da Minha Filha
Antes de seu nascimento, não tinha a menor ideia de como minha perspectiva sobre o mundo mudaria. A minha rotina incluía uma boa dose de tempo dedicada a compartilhar fotos, pensamentos e momentos do meu cotidiano. Eu gostava de mostrar a minha vida, interagir com amigos e seguidores, e sentir essa conexão constante.
No entanto, após a chegada dela, algo mudou dentro de mim. A necessidade de proteger a privacidade se tornou primordial, e percebi que a exposição contínua poderia ser um risco. Comecei a me preocupar com quem poderia ver as fotos e vídeos dela, com quem estava acessando nossas vidas e como essa exposição poderia impactá-la no futuro.

Registrando Memórias de Forma Segura
Ser mãe me ensinou a importância de estar presente. Deixar o telefone de lado e realmente viver os momentos com ela tem sido uma experiência transformadora. E o melhor, não preciso da validação das redes sociais para saber que estou fazendo um bom trabalho como mãe. No entanto, ainda aprecio compartilhar alguns momentos especiais com quem me segue. Para fazer isso de maneira segura, adotei algumas práticas para proteger a privacidade da nossa filha.
O que estou fazendo para tentar proteger a Privacidade nas Redes Sociais e que você pode fazer também
- Ajustei as configurações de privacidade das minhas redes sociais para compartilhar as fotos dela apenas com amigos e familiares próximos.
- Compartilho apenas fotos e vídeos que não revelem informações pessoais, como localização, escola, ou rotina diária.
- Evito postar imagens que possam ser facilmente manipuladas ou usadas de forma inadequada. Não posto fotos dela só de fralda ou em nenhuma posição constrangedora – isso é o mínimo, né?
- Estou tentando usar mais apelidos (como raposinha) ao invés de nomes completos para proteger a sua identidade.
- Evito compartilhar detalhes específicos que possam ajudar a localizá-la.
- Faço uma revisão regular da lista de amigos e seguidores para garantir que apenas pessoas que interagem comigo têm acesso ao conteúdo.
- Bloqueio ou removo seguidores suspeitos ou desconhecidos.
- Embora a Cora ainda seja um bebê, nosso intuito é ensiná-la, desde cedo, sobre os perigos e as melhores práticas de segurança na internet. Então, se seu filho já for maiorzinho, vale estabelecer regras claras sobre o que pode ou não ser compartilhado online.
- Desativei a geolocalização ao tirar fotos ou postar nas redes sociais.
- Evito compartilhar a localização em tempo real, especialmente em locais que frequentamos regularmente.
- A ideia é que futuramente a gente peça consentimento à nossa filha, quando ela tiver idade suficiente para entender, antes de postar fotos ou informações sobre ela.
- Respeito a privacidade dela e evito postar momentos que possam ser embaraçosos no futuro.
- Verifico regularmente as menções e tags nas redes sociais para garantir que outras pessoas não estão expondo minha filha sem consentimento.
- Priorizo a criação de álbuns e caixas de memórias para preservar momentos importantes de forma privada e segura.
E você? Como tem lidado com a tecnologia do lado daí e o que está fazendo para proteger a privacidade dos seus filhos?
Gabriela Miranda
Clayci, acho fundamental as pessoas falarem mais sobre esse assunto. Percebo que poucos pais tem consciência sobre como pode ser perigoso expor a imagem do seu filho nas redes sociais. Achei o seu post muito claro e amei as dicas! Vou compartilhar com outras amigas que são mães.
Outra coisa que tenho feito, além de deixar o meu Instagram privado, é não mandar fotos para os parentes que eu não gostaria que pessoas desconhecidas vissem porque eu sei que muitos familiares acabam mostrando as fotos para amigos e conhecidos que, nem sempre, eu conheço. Assim, prefiro deixar que eles criem memórias ao vivo. Enfim, esse assunto é bem delicado, mas vale muito a pena o nosso esforço para proteger os nossos pequenos.
Clayci Oliveira
Também sinto esse despreparo, Gabi
Acabo esbarrando com vários vídeos que reforçam esse pensamento =/
Sei que não temos o controle de tudo, mas devemos proteger a inocência e privacidade deles o máximo que pudermos