Nos últimos cinco anos, mergulhei de cabeça no universo das redes sociais. O trabalho exigia que eu estivesse sempre conectada, atenta às últimas tendências, dominando novas ferramentas e, claro, mantendo-me atualizada sobre tudo o que estava acontecendo. Essa imersão, que começou como uma oportunidade de crescimento e aprendizado, se tornou um ciclo exaustivo de informações, onde a linha entre o que é pessoal e o que é profissional começou a se apagar.
A vida digital oferece muitos benefícios, especialmente quando se trata de avançar na carreira. No meu caso, como mãe, poder trabalhar em casa e ainda estar presente para minha filha é um privilégio. A internet me deu a flexibilidade que eu precisava, permitindo que eu desempenhasse múltiplos papéis sem ter que sacrificar um pelo outro. Com o passar do tempo, passei a sentir o peso de estar sempre “online”. O excesso de informações, as constantes notificações e a pressão para estar sempre por dentro e informada começaram a me deixar exausta.
Essa exaustão não é apenas física; é uma exaustão mental, uma sobrecarga que faz com que o simples ato de desligar o celular por algumas horas pareça algo quase impossível. Mais do que isso, meu trabalho com redes sociais, ironicamente, começou a minar minha própria vontade de usar minhas redes pessoais. A rotina de postar constantemente para o trabalho tornou-se tão maçante que, nos fins de semana, eu nem queria abrir o Instagram. A ideia de pensar em uma legenda ou curadoria de uma imagem já me deixava desanimada. Ficar off-line se tornou uma fuga! Foi nesse espaço de desconexão que comecei a me perguntar: será que preciso mesmo ter uma opinião formada sobre tudo? Será que preciso estar envolvida em todas as discussões que surgem no meu feed? E, mais importante, será que vale a pena?
Spoiler Não foi difícil pensar na resposta
Não foi difícil perceber que a resposta é não. Entendi que não preciso ter uma opinião sobre tudo. Além disso, não preciso me explicar o tempo todo nas redes sociais, nem sentir a necessidade de justificar meu silêncio. A melhor coisa que posso fazer por mim mesma é simplesmente viver na minha própria bolha, longe das demandas e pressões do mundo online. Esse espaço de desconexão me deu a clareza para perceber que nem tudo precisa ser compartilhado, discutido ou debatido. Às vezes, o silêncio e a ausência são as melhores respostas.
Esse desejo de ficar off me trouxe uma sensação de nostalgia por tempos mais simples, quando a internet não era tão onipresente. Lembro-me de quando o computador era compartilhado por toda a família. Na época, a conexão discada limitava o tempo de uso, então cada minuto na internet era precioso. Não havia a necessidade de estar sempre disponível. Além disso, saíamos com uma câmera no bolso, prontos para capturar momentos simples, como a sobremesa do almoço ou uma paisagem bonita, sem nos preocupar com filtros, legendas ou quantas curtidas e comentários iríamos receber.
Havia algo de genuíno no ato de compartilhar, uma simplicidade que parece ter se perdido na busca incessante por relevância e aprovação nas redes sociais. Quando penso nesse tempo, me pego refletindo sobre o que realmente quero para o meu futuro. Ainda quero trabalhar com a internet, mas será que preciso estar conectada o tempo todo para isso? Será que preciso estar por dentro de todos os lançamentos, novidades e discussões que surgem nas redes? Ou será que existe um meio-termo, onde posso equilibrar a vida digital e a vida real sem sacrificar minha paz interior?
Não é fácil encontrar um equilíbrio…
Estou tentando encontrar um equilíbrio. A vida online é importante; ela conecta, facilita e abre portas. Porém, é essencial reconhecer o momento de se afastar do excesso de informações e se reconectar consigo mesma. Por isso, essa reflexão me levou a valorizar ainda mais os momentos de silêncio e ausência. Desconectar não significa estar desinformada ou desatualizada; significa, antes de tudo, escolher o que realmente importa, focar nas coisas que trazem alegria e paz, em vez de se deixar consumir por uma constante sensação de urgência e pressão.
Por isso, comecei a repensar o conteúdo que consumo e, principalmente, o que crio. Já faz um tempo que venho mudando minha forma de criar conteúdo e quem acompanho. Quando decidi criar um novo perfil no Instagram há alguns meses, já foi com essa intenção de seguir um caminho diferente. Percebi que não preciso mais me sujeitar a um ritmo imposto por algoritmos ou tendências de mercado. Quero produzir no meu próprio ritmo, sem me preocupar tanto com a frequência de entrega, mas sim com a qualidade e autenticidade do que estou criando. Esse novo olhar me trouxe uma sensação de liberdade.
E, curiosamente, ao desacelerar, descobri que a criatividade flui de maneira mais natural e genuína, sem as pressões e expectativas que antes me dominavam. Hoje, estou mais focada em criar conteúdos que reflitam quem sou, sem a necessidade de aprovação externa, mas sim com a satisfação interna de estar sendo fiel a mim mesma..