Já assistiu ao Dilema das redes? Quando li 1984 de George Orwell pela primeira vez, eu tinha 22 anos. A sociedade retratada na obra vive sob um regime totalitário e tem todos os seus passos monitorados por telas que estão por toda parte. Foi a primeira distopia que eu li e consequentemente me deixou desconfortável.
Mas é justamente o objetivo desse gênero literário: causar desconforto. Seja por totalitarismo, autoritarismo, anarquia e até mesmo uso da tecnologia; são histórias com lugares e épocas que vive sob condições de extrema opressão, desespero e privação. Então, apesar de me sentir incomodada com a trama de 1984, naquela época, não enxergava a ligação com a sociedade em que vivemos.
É claro que esse livro despertou o meu interesse pelo gênero literário e passei a ler mais histórias com esse tipo de narrativa. Cheguei a reler 1984 em outra fase da minha vida e ficou muito mais claro a importância dessa obra (tanto que vivo panfletando este livro nas redes sociais). E é incrível como esse livro deixou de ser uma distopia e se tornou um dilema real, já que vivemos na era da tecnologia. E as redes sociais trouxeram métodos utilizados para manipular as informações divulgadas.
O Dilema das redes e a falta de privacidade
Quando “O Dilema das redes” entrou no catálogo da Netflix, fiquei com receio de assistir. Ele traz grandes nomes do mercado e engenheiros de redes sociais como Facebook, Pinterest e Twitter. Contudo, mais uma vez as mídias mostraram o seu poder; ao ver várias pessoas comentando a respeito, fui influenciada e parei para ver.
O objetivo de “O Dilema das redes” é mostrar como o algoritmo trabalha e afeta o nosso psicológico. Como nos vendemos ao alimentar essa mídia com informações sobre: gostos, localizações, interesses e detalhes da nossa vida particular. É incrível e assustador reconhecer que a tecnologia está cada vez mais precisa e aperfeiçoada. As mídias sociais deixaram de ser uma ferramenta e se tornaram uma máquina de manipulação.

O meu receio de assistir ao documentário foi por pensar que as informações transmitidas seriam exageradas. Sabemos das consequências negativas ao usar as redes, pois as pessoas escolhem o que desejam compartilhar. Eu gosto de usá-las para mostrar o que me atrai. Uso essa ferramenta para trabalho e compartilho links, artigos, fotos e notícias. No entanto, por mais que eu pense antes de clicar no botão “publicar”, com todo esse avanço, fica difícil saber: o que é seguro para compartilhar online?
Por que deixamos as mídias sociais controlar as nossas vidas?
Então, em algum momento, mesmo sabendo da importância do alerta, cogitei que a discussão seria para culpabilizar os usuários. E é preciso muito cuidado ao falar sobre; afinal, estamos lidando com um vício que afeta o psicológico de milhares de pessoas.
Porém, senti que Jeff Orlowski soube conduzir essa discussão muito bem. Todos os convidados são profissionais com grande experiência na área que atuam. Então temos: depoimentos, dados e opiniões bem fundamentadas. E se você não entende nada a respeito e tem medo de se sentir perdido, fique tranquilo. Enquanto os convidados apresentam dados científicos, há uma representação didática com atores que encenam uma família em crise.
Achei essa proposta interessante, já que o objetivo é tornar esse conteúdo acessível e atingir o máximo de pessoas possíveis. Os aplicativos e os serviços oferecidos estão deixando as pessoas cada vez mais dependentes e depressivas. E essa é uma pauta atual, urgente! É importante falar sobre Fake News, eleições, dados e manipulação.

Nós escolhemos o que queremos ver, mas será que isso é bom?
Outro ponto, que achei interessante, é a forma com que o documentário exibe como as redes sociais afetam a nossa auto estima. Trabalho com produção de conteúdo há mais de 10 anos; mesmo sabendo que iniciei nessa área por hobby, hoje rola uma cobrança e pressão para produzir diariamente. As mídias sociais nos permitem selecionar as notícias que queremos ler. Nós ditamos as nossas amizades e de onde obtemos nossas notícias. Mas será que isso é bom?

No nicho em que eu trabalho, existe uma competição desnecessária para mostrar quem produz mais, lê mais, se destaca mais. Não é saudável se comparar com outras pessoas, mas ainda assim nos comparamos. A plataforma que uso com mais frequência esfrega na minha cara que não consigo alcance por seguir a direção contrária.
Se você faz algo esperando aprovação, seu engajamento aumenta. Mas nem sempre da forma que você quer. Pois você atrai pessoas que se escondem atrás de um avatar para fazer comentários preconceituosos e depreciativos. Agora se você não coloca a sua cara nas fotos, você não aparece – literalmente – porque o seu conteúdo não é entregue. E assim seguimos: nos cobrando, culpando e encontrando erros em nós mesmos e não nas mídias.
O Dilema das redes pode não oferecer soluções concretas e completas, mas nos coloca na direção certa. Precisamos conversar a respeito e entender que não existe mais privacidade.
Mara Santos
Oi, Clayci!
Estava querendo assistir, mas estava receosa. Agora que li a sua opinião, vou assistir no fim de semana, estou super curiosa agora!
Acho que isso super faz parte da nossa vida e é importante refletirmos sobre o impacto das redes em nossa vida!
CRIS
Oi Clayci!
Ainda não assisti a esse documentário e fiquei curiosa sobre o tema, as vezes sabemos que somos manipulados e está estampado na nossa cara, mas infelizmente não queremos enxergar, um chacoalhão as vezes é necessário. Obrigado pela informação vou assistir também, parabéns pelo post, bjs!
Clayci
Me diz depois o que achou <3
Ana Paula Lima
Oiii!
Assisti no último final de semana, e a unica coisa inovadora que eu percebi no documentário é como eles são mais organizados que eu imaginava. Claramente nunca uma empresa, marca ou organização fará algo que tire capital dela… Sair da bolha e do vício das redes é uma escolha nossa…
Gostei da sua analise, mas não achei esse documentário tão espetacular por já compreender como o algoritmo funciona, rs.
Oii!
Eu tô para ver o filme já tem algum tempo, mas ainda não consegui, fiquei muito feliz ao ler sua resenha, parece uma história tocante do jeito que eu gosto e faz tempo que não acompanho.
Que bom que é um livro marcante!!
Gostei muito da resenha!
Beijinhos,
Ani
http://www.entrechocolatesemusicas.com.br
Clayci
Honestamente falando, para quem está acompanhando a mídia e as notícias sobre política, não tem nada de surpreendente mesmo.
Acredito que seja até por isso que ele fizeram algo interativo e didático, para atrair as pessoas que não tem muito conhecimento e convivência como idosos e crianças =)
Ana Caroline Santos
Olá, tudo bem? Eu achei esse documentário essencial. Nunca tive medo que pudesse houver coisas exageradas, pois sendo alguém que trabalha com a rede, acredito que as pessoas teriam discernimento onde as coisas são aumentadas ou não. Hoje a rede é uma ferramenta de trabalho de muitos, e isso a torna também captadora ainda maiores de informações nossas, que podem ser transmitidas para outras empresas, empresas essas que focam em nos agradar, alcançar mais um cliente/comprador e assim surge a manipulação toda. Hoje em dia somos muitos presos a internet, e o mundo que gira em torno disso sabe. Dificilmente não tiraria proveito de TUDO possível para que fiquemos presos a essa telinha cheia de informações.
Ótima postagem!
Clayci
Gostei bastante do doc tbm
Emerson
Quero muito ver esse documentário. Hoje em dia não vivo mais sem redes sociais e a tecnologia. Tenho procurado dosar minha presença online e isso tem me feito bem. Muito boa a resenha.
Bom fim de semana!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Marina
Excelente sua análise Clayci! Eu também resolvi assistir depois de ver tanta gente comentando sobre. Assisti hoje e deixei uma publicação sobre isso pra amanhã, porque senti demais que precisava escrever sobre. Agora estou lendo o que outras pessoas acharam.
Assim como você, também achei que seria um documentario que culpabiliza o usuario. Geralmente é esse o tom das discussões sobre as redes sociais hoje. Mas me surpreendeu, o documentário é muito bom e muito bem embasado. Fiquei surpresa como as coisas funcionam em uma dimensão muito maior do que eu imaginava.
Sobre o Instagram, eu dei um tempo por lá justamente por causa desses pontos que você apontou. Não é o meu trabalho, mas eu me sentia muito pressionada a publicar todo dia, trazer vários conteúdos, ler muito, publicar muito, enfim… o meu perfil está parado há um bom tempo, tentei começar de novo com outro, mas não deu muito certo. Chega em um momento que eu sinto que o Instagram me sabota. O alcance cai, os comentários caem e os seguidores não aumentam, ficam congelados em um certo número. E eu sou bem relutante em usar as ferramentas novas que eles disponibilizam (tipo o reels agora e as lives) então acho que isso influencia. É a única “ferramenta” que conheço que você precisa fazer dezenas de cursos pra aprender a usar ela de forma eficiente e ela ainda trabalha pra piorar sua vida. Imagina usar uma chave de venda que se recusa a rodar porque você não segura do jeito que ela gostaria kkkk
Espero que esse documentario ajude aos responsaveis pelas redes sociais a fazerem algumas mudanças na forma como elas funcionam
Kênia Cândido
Oi Clayci.
Você é a terceira pessoa que vejo comentando sobre o Dilema das redes. Já estou ficando bastante curiosa para assistir este documentário. Pra falar a verdade as redes sociais já conseguiram me afetar um pouco, por isso não sou de postar fotos minhas, mas aos poucos estou trabalhando nisso. Vou tentar assisti-lo neste final de semana. Obrigada pela dica.
Bjos
Angela Cunha
Eu vi esse documentário estes dias e só aí entendi o motivo de eu procurar um tênis de manhã e ficar vendo ofertas em todas minhas redes sociais o resto do dia.
Manipulação o tempo todo. E nunca havia parado de fato pra pensar até onde isso tudo interfere em nossas vida e em nossas escolhas!
Um documentário que todos nós deveríamos ter a oportunidade de ver.
Vivemos pela internet ou ela que vive por nós?
Beijo
Angela Cunha/O Vazio na flor