Sempre que leio algum livro YA (young adult) fico imaginando como a Clayci de 15 anos atrás lidaria com determinadas situações. Tenho certeza que se eu tivesse conhecido Skye na minha adolescência, teria sido mais fácil lidar com esse período tão conturbado.
Ainda estou com dificuldades para expressar tudo o que senti enquanto lia Nasci para Brilhar. A leitura foi divertida, leve, emocionante e inspiradora. Temos uma protagonista (ou melhor dizendo, heroína) forte, determinada e empoderada. Lyla Lee conseguiu, de forma tênue, tratar questões relevantes envolvendo temas como: gordofobia, bissexualidade, assédio virtual, homofobia e abusos emocionais.
Skye nasceu para brilhar. Ela sempre gostou de dançar (além de cantar) e tem talento de sobra. Seu sonho é fazer parte do universo glamoroso do K-pop e mostrar a sua arte para o mundo. E para isso acontecer, Skye resolve se inscrever em um reality show para mostrar a sua performance e competir para se tornar a nova estrela K-pop.
Estou cansada. Por que tenho que ficar me defendendo? Não é por ser gorda que tenho que aguentar as pessoas me magoando o tempo todo.
Nasci para brilhar
Enfrentando o preconceito dentro e fora de casa
Entretanto, mesmo com o dom e querendo mostrar o seu desempenho com os treinamentos para competição; Skye precisará lidar com outro obstáculo: o preconceito para com o seu corpo. Entenda, ela não precisa de ninguém para aceitá-la e amá-la, pois ela já faz isso por si mesma. Mas existe muito preconceito na indústria musical (a começar pelos próprios jurados do programa). Então, Skye quer provar para todos (principalmente para sua mãe) que o perfil do seu corpo não a define e nem a determina o que pode ou não ser.
Sem dúvidas, Nasci para brilhar é uma história incrível e única sobre uma adolescente que luta contra os padrões impostos na cultura musical coreana. É extremamente difícil viver em uma sociedade que exige um “padrão definido” de beleza. Com pessoas que insistem, a todo instante, em dizer como você deve ser para que seja aceita socialmente. Skye me ensinou muito com a sua determinação e decidi compartilhar alguns aprendizados com vocês.
1 – Correr atrás do seu objetivo;
Acredito que essa seja a mensagem principal da história: ir atrás do que acredita. Skye nunca duvidou do seu talento e capacidade. Ela sempre gostou de dançar e investir nessa paixão. Quando soube do reality show, mesmo não tendo o apoio dentro de casa, ela não pensou duas vezes e se inscreveu. E ao contrário do que possa parecer, Skye se sentiu insegura em várias situações. Todavia encontrou força para enfrentar o medo e encarar o desafio.
2. O mundo está cheio de pessoas querendo dizer quem você deveria ser.
Skye já ouviu de tudo. Meninas gordas não sabem dançar. Não podem vestir cores vibrantes. Não devem chamar a atenção para si mesmas. Você consegue se lembrar de quem você era antes que o mundo lhe dissesse quem deveria ser? Não deixe que as pessoas decidam qual caminho você deve seguir. O mundo está cheio de pessoas dizendo o que devemos vestir, comer, como devemos nos comportar. Não dê ouvido para elas, seja você!
3. Seja confiante! E faça as coisas por você e pra você.
Skye tem talento e sempre se dedicou naquilo que gosta. Por mais que ela queira mostrar para a sua mãe (e para o mundo) que ser gorda nunca a impediu de fazer nada, ela sempre soube o que queria. Confiança é deixar de lado tudo aquilo que te impede de tentar. Durante os processos eliminatórios, Skye aprendeu técnicas com o treinamento e fez novas amizades. Divida as suas experiências e aprendizados. Não como competição, a ideia não é mostrar que a sua vida é melhor que a de outra pessoa e sim que todos temos competência para conseguir algo.
4. A Gordofobia começa em casa
Quem está fora dos padrões estéticos idealizados na sociedade sofre com julgamentos. Seja por apelidos pejorativos e piadas sobre o corpo. A gordofobia é um preconceito que está presente na sociedade brasileira, tanto dentro de casa como fora. Sempre que surgia um diálogo entre Skye e sua mãe, eu ficava apreensiva e chateada. Ela estava sempre criticando e usando argumentações como “falo por preocupação” e “ por amor” para justificar esse preconceito. Skye carrega traumas dessa relação; e ela sabe que talvez nunca terá um relacionamento saudável com sua a mãe.
5. Precisamos conversar sobre assédio virtual e o que ele gera
Assédio virtual é uma prática que envolve o uso de tecnologias de informação e comunicação para dar apoio a certos comportamentos, cujo objetivo é prejudicar o próximo. Sabe aqueles comentários preconceituosos que encontramos nas redes sociais? Infelizmente, esse “hábito” tem se tornado cada vez mais comum entre os jovens. Em Nasci para Brilhar existe uma crítica que representa muito bem tais comportamentos. Estamos sempre compartilhando fotos e momentos nas redes sociais e o que era pra ser algo saudável, acaba se tornando um pesadelo para algumas pessoas. Propagação de discursos de ódio, divulgação não autorizada de dados e localizações, comentários maldosos, difusão de rumores e instigação à violência são alguns exemplos.
É isso! Nasci para Brilhar entrou para a minha lista de favoritos do ano. Gostei de todos os personagens e do romance. Também adorei conhecer mais sobre outra cultura. Por mais que eu tenha mencionando sobre quebra de padrões e preconceitos na indústria musical, isso não se resume ao costume asiático, viu? Então, preciso dizer que eu amei conhecer um pouquinho do mundo K-pop. Fui atrás de todas as músicas citadas na história.
Já leram?
Nasci para brilhar
Lyla Lee
- Autoria:
- Lyla Lee
- ISBN:
- 9786588343012
- Editora:
- Plataforma 21
- Páginas:
- 336
?”Meninas gordas não sabem dançar. Não podem vestir cores vibrantes. Não devem chamar a atenção para si mesmas.”? Mas Skye sonha ser uma estrela do K-pop e, para isso, precisará quebrar os padrões que a sociedade impõe a garotas como ela.?
Quando a jovem finalmente tem a oportunidade de competir em um programa de TV que vai lançar a nova superestrela K-pop, ela se depara com treinamentos incontáveis, performances impressionantes e, claro, todo o drama desse tipo de reality show.? Assim, Skye também terá que lidar com os padrões gordofóbicos da indústria do K-pop, a fama repentina e o escrutínio da mídia. “Nasci para brilhar” é o premiado romance K-pop que todos esperavam, num clima de celebração da diversidade, do autocuidado e do afeto, marcando de forma indiscutivelmente brilhante a estreia de Lyla Lee na literatura jovem.
Samara Gomes
Gostei bastante do artigo, muito bom mesmo! Estou amando ler seus artigos e compartilhar com os amigos!
Flaviane Vilar
Eu amei todos os temas abordados nesse livro. Já posso imaginar o quanto a leitura foi prazerosa. Sua resenha está incrível!
Clayci
Muito obrigada
Tati
Toda vez que vejo falarem desse livro são com elogios!
Limonada, blog pessoal
Suvenir Literário, blog sobre livros
Projeto Rata de Biblioteca
Carol Justo
Eu amei essa resenha, é muito necessário que o mundo literário e cinematográfico trate dessas questões, muitas pessoas teriam evitado tanto sofrimento se a gente tivesse a consciencia que temos hoje…
beijos
Carol Justo | Justo Eu?!
Angela Cunha
Gente!!!Eu nunca tinha visto ou lido nada sobre esse livro. Mas fiquei emocionada com tudo que li acima. Sabe, sofri uma vida inteira por conta do peso. Não me aceito, vivia em constante conflito comigo. Tanto que tomo remédios para depressão e ansiedade.
Hoje lido melhor, mas continuo não me aceitando.
Por isso, já quero demais aprender essas lições tão valiosas!!!
Beijo ,sua linda!!!
Angela Cunha/O Vazio na flor