Um ano de Cora
e o tempo está voando

Oi Cora! Há um ano atrás, mais ou menos nesse horário, eu nem imaginava que você estava prestes a chegar. Tínhamos tudo pronto, as malas já arrumadas, caso algo inesperado acontecesse. No fundo, eu acreditava que teríamos mais tempo. Tempo para me preparar, tempo para absorver cada detalhe. Mas a vida, como sempre, tinha outros planos.

Quando os médicos mencionaram a eminência de pré-eclâmpsia e que precisaríamos antecipar seu nascimento, um turbilhão de sentimentos tomou conta de mim. Senti medo, uma ansiedade indescritível e, ao mesmo tempo, uma paz inexplicável. Eu estava prestes a conhecer o rostinho que só existia nos meus sonhos, aquele serzinho que crescia dentro de mim. Mas também senti pânico, um medo profundo de não conseguir te proteger. Eu só sabia pedir, em silêncio, para que você estivesse bem, que nada pudesse nos separar. Eu ficaria bem. O que importava era você, só você.

Então, às 21:20 do dia 22 de novembro de 2023, você chegou. Não pude te receber do jeito que eu queria, porque não estava bem. Antes de ser transferida para a UTI, só conseguia pedir para seu pai cuidar de você. Ficamos alguns dias separadas, mas você nasceu forte e colocava todo mundo no neonatal para correr. Até hoje, sinto que foi você quem decidiu o momento certo para vir ao mundo, como se quisesse me dar a chance de viver cada emoção com mais intensidade. E foi aí que entendi que a maternidade seria muito mais sobre me deixar guiar por você do que tentar controlar qualquer coisa.

Desde aquele primeiro momento em que te segurei nos braços, a vida ganhou um significado completamente novo. Foi um ano intenso, de transformação e descobertas. Olhando para trás, sinto que tudo passou num piscar de olhos. Foram tantas noites em claro, choros na madrugada, cólicas que cortavam o coração, o primeiro dentinho nascendo e as mudanças de fase que sempre parecem nos pegar de surpresa. Saltos de desenvolvimento, regressões no sono, a introdução alimentar com suas alegrias e desafios… Às vezes, tudo parecia um grande desafio. Mas bastava um sorriso seu, uma gargalhada espontânea, e todo cansaço desaparecia.

Lembro da primeira vez que você olhou nos meus olhos e sorriu. Aquele sorriso foi como um abraço na alma, como se você dissesse: “Estou aqui, mamãe, e estou bem”. E depois disso, cada pequena conquista sua virou uma celebração. O primeiro “mamã”, o primeiro engatinhar, o primeiro olhar curioso para o mundo ao seu redor… Tudo foi e continua sendo um milagre diário, uma descoberta constante.

E hoje, um ano depois, penso em tudo o que desejo para você. Quero que sua vida seja sempre repleta de amor e acolhimento, que você cresça rodeada de pessoas que te valorizem e sempre te apoiem. Que você sinta que, não importa o que aconteça, sempre haverá um lugar seguro onde pode ser você mesma, onde pode desabafar, rir e até chorar. Quero ser esse porto seguro para você.

Sei que muitos momentos estão por vir. Momentos de aprendizado, de descobertas, talvez até de frustrações e desafios. Você vai aprender a andar, a falar com mais clareza, a se expressar, a explorar o mundo com a curiosidade que só as crianças têm. E em cada uma dessas etapas, quero estar presente, não apenas para te guiar e proteger, mas para te dar a segurança de que, caso algo dê errado, estou aqui. Estarei ao seu lado, segurando sua mão e torcendo para que você se aventure, para que se jogue na vida e aproveite cada experiência.

O que mais desejo para você, Cora, é que cresça com a certeza de que o amor está sempre ao seu alcance. Que, mesmo nos dias difíceis, você encontre conforto nos pequenos momentos. Que aprenda a valorizar o que é simples, o que é verdadeiro, o que realmente importa. Quero te ensinar que, na vida, nem tudo pode ser controlado e que, às vezes, a maior sabedoria é saber deixar ir, deixar fluir, como as águas de um rio que seguem seu curso natural.

Desde que você chegou, venho aprendendo diariamente sobre maternidade, e sei que ainda tenho muito a aprender. Você me ensina a cada sorriso, a cada novo som, a cada descoberta que faz. E eu, do meu jeito, tento te ensinar também – sobre amor, paciência, sobre respeitar o tempo das coisas. Porque, minha filha, você é o meu presente mais valioso, e é com você que estou aprendendo a ser alguém melhor.

Esse primeiro ano foi só o começo. Temos uma longa caminhada pela frente, e mal posso esperar para ver tudo o que a vida reserva para você. Mas saiba que, em cada etapa, estarei aqui, te observando crescer, te incentivando a voar, te amando incondicionalmente. Meu coração, desde o dia em que você nasceu, já não me pertence. Ele é seu, inteirinho. E enquanto houver vida em mim, haverá amor para você.

Obrigada Cora, por me mostrar o mundo com outros olhos, por me ensinar que a maternidade é, na verdade, uma dança entre cuidar e aprender, entre guiar e deixar ser. Um ano se passou, e a nossa aventura está só começando. Que venham mais risadas, mais descobertas, e que possamos viver cada momento com a leveza de quem sabe que, no fundo, o que realmente importa é estar ao lado de quem amamos.