Eu estava aqui tentando entender como a semana já estava acabando, sendo que, na minha cabeça, ainda era terça. Sabe quando os dias passam tão rápido que você começa a duvidar do calendário? Tudo correndo. Trabalho, compromissos, rotina. E eu ali, sobrevivendo entre uma notificação e outra, tentando manter o bom humor com a quarta xícara de café do dia.
E aí, bem no meio disso tudo, aconteceu uma coisa inédita por aqui: o Di precisou se ausentar por dois dias inteiros por causa do trabalho. Pode parecer pouco, mas por aqui foi tipo uma mudança de estação. A Cora sentiu. E fez questão de deixar claro.
Chamou pelo papai umas cinquenta vezes (por hora), ficou sentadinha perto da porta como quem espera a campainha tocar a qualquer momento, e me olhava com aquela carinha de “ué, cadê ele?”. E, olha, não foi difícil pelos motivos óbvios. Eu já me vi, várias vezes, organizando rotina, entregando trabalho, cuidando dela, dançando no meio da sala com uma colher na mão. Isso eu dou conta e até gosto, confesso. Mas ver o mundinho dela bagunçado, essa saudade nova batendo pela primeira vez… ai, isso mexeu.

Foram dois dias em que tudo funcionou, mas meio no improviso. Entre uma entrega e outra, fizemos algumas brincadeiras pela casa: teve pausa no jardim, na calçada, no portão, no meio da sala, na cozinha. Cora inventava uma nova atividade a cada meia hora e eu seguia o ritmo dela, meio cansada, meio encantada, com a sensação de que só aquilo já valia como expediente inteiro.
A parte mais engraçada (e levemente dramática) é que, em certos momentos, parecia mesmo que eu estava sendo oficialmente promovida ao cargo de “plano B”. Tinha um bebê me chamando de plano B com a mesma convicção de quem já entendeu que a mãe resolve, mas o pai… ah, o pai é outra história.
No meio disso tudo, teve café (tomado quente, o que por aqui é basicamente uma raridade), uma florzinha minúscula que ela achou e colocou no meu colo com a maior seriedade do mundo, e aquela luz bonita entrando pela janela no fim da tarde que quase passou despercebida, mas eu percebi.
O curioso é que a semana voou… até ele sair. Aí o tempo resolveu andar devagar. Tipo fila de banco em dia de chuva. Mas passou. A gente sobreviveu. Eu, um pouco mais exausta. Ela, com um novo jeitinho de entender o que é saudade.
E no meio de tudo isso, teve amor. Teve vínculo. Teve aquele tipo de cansaço que vem misturado com gratidão e uma vontade boba de escrever sobre tudo isso, antes que passe despercebido também. Porque no fim das contas, não foi exatamente difícil cuidar de tudo; o mais desafiador foi ver a saudade dela estampada em gestos e expressões que doíam um pouquinho, tipo quando tem um bebê me chamando de plano B e esperando o “titular” da casa voltar pra colocar o mundo nos eixos.




Luly Lage
Clayci, eu tô rindo muito do título do post e, ao mesmo tempo, mega agradecida em ver que o Di é uma figura de amor na vida da Cora… Que vocês são uma família por completo! Fiquei imaginando ela perto da porta, tadinha, e mesmo sendo meio melancólico é lindo, poxa, que ela tenha planos A e B na sua vida!
Clayci Oliveira
hahaha amiga essa semana me deixou doida com a ausência dele, mas eu acho fofo demais esse vinculo entre eles
Taís (nyrdagur)
Ai, Cleyci, não sei dizer, mas esse post me deixou toda boba aqui. Suas palavras de carinho contando de uma forma especial como foi esse momento pra vocês. Não sou mãe, mas consigo imaginar as angustias da sua pequena ao tentar lidar com um sentimento tão potente e doloroso que é a saudade.
Que bom que você registrou esse momento e compartilhou com a gente aqui <3