Ler “A História Secreta” de Donna Tartt foi uma experiência única. Eu já vinha me interessando pela estética Dark Academia, com seus elementos de História, arquitetura gótica, romance e música clássica. A verdade é que, antes mesmo de conhecer esse termo, eu já gostava desse estilo, e ele se encaixa perfeitamente com a minha personalidade. As cores escuras, os tons terrosos e aquela atmosfera melancólica sempre me atraíram. Por isso, quando encontrei uma edição de 1995 desse livro, sabia que precisava lê-lo.
“A História Secreta” é mais do que uma simples leitura; é um mergulho profundo nas complexidades da mente humana. O livro conta a história de Richard Papen, um jovem que, para fugir de uma vida difícil em sua cidade natal, Plano, decide estudar em uma universidade elitista em Vermont. Lá, ele se envolve com um grupo de estudantes bastante diferentes do que ele estava acostumado. Esses amigos, Henry, Bunny, Francis e os gêmeos Charles e Camila, fazem parte de um curso de grego antigo, liderado pelo carismático professor Julian. Richard fica fascinado por eles e logo se vê completamente imerso em seu mundo.
Desde o início, sabemos que algo terrível acontece. Richard nos conta, logo nas primeiras páginas, que Bunny, um dos membros do grupo, acaba sendo morto – e que ele e seus amigos são os responsáveis por isso. A partir daí, o livro explora as razões que levaram ao crime e as consequências emocionais que isso desencadeia.
O que mais me impressionou na leitura foi como a autora, Donna Tartt, consegue nos envolver tanto na história que, em certos momentos, nos sentimos quase cúmplices dos personagens. Eles são complexos, cheios de falhas e contradições, e, mesmo assim, conseguimos entender – ou pelo menos tentar entender – as razões por trás de suas ações.

Henry, por exemplo, é o líder do grupo e talvez o personagem mais intrigante. Ele é inteligente, mas também frio e calculista. Richard, por outro lado, é mais fácil de se identificar. Ele só queria se sentir parte de algo maior, mas acabou se envolvendo em algo muito mais sombrio do que poderia imaginar.
A narrativa de Tartt é rica em detalhes, e ela constrói a tensão de forma lenta, quase como se estivéssemos acompanhando cada pequeno passo em direção ao inevitável. Às vezes, o ritmo pode parecer um pouco lento, mas acredito que isso faz parte da magia do livro. Esse tempo extra nos dá a chance de realmente entrar na cabeça dos personagens, entender seus medos, desejos e, no final das contas, suas decisões.
Um dos aspectos que mais gostei foi como o livro me fez refletir sobre a moralidade. Mesmo sabendo que os personagens estavam cometendo atos terríveis, me peguei simpatizando com eles em vários momentos. Isso me fez questionar minhas próprias percepções sobre certo e errado, e acredito que esse é um dos grandes méritos da autora.
“A História Secreta” também me despertou um interesse renovado pela mitologia grega, que é um tema recorrente no livro. As referências culturais e filosóficas presentes na narrativa me fizeram querer aprender mais e aprofundar meu conhecimento sobre o assunto.
Ao terminar o livro, fiquei com uma sensação de satisfação, mas também de melancolia. É uma história que mexe com a gente, que faz pensar, e que, de certa forma, fica com você por um bom tempo depois de virar a última página. Se você gosta de histórias que exploram o lado mais sombrio da mente humana, que questionam nossas certezas e nos fazem refletir, então “A História Secreta” é uma leitura que você vai apreciar.
Por outro lado, é importante mencionar que o livro trata de temas pesados e sensíveis, como incesto, homofobia, suicídio, abuso de drogas, antissemitismo e homicídio. São assuntos difíceis, e é bom estar preparado para eles antes de começar a leitura.
Refletindo sobre a experiência, percebo que “A História Secreta” não é apenas sobre um crime; é sobre as escolhas que fazemos e como elas moldam nossas vidas. É sobre a busca por pertencimento, o desejo de ser algo mais e o preço que estamos dispostos a pagar por isso.
Recomendo esse livro a quem se interessa pela estética Dark Academia e a quem gosta de histórias que exploram a complexidade das relações humanas. Mas, esteja preparado: não é uma leitura leve. No entanto, se você estiver disposto a embarcar nessa jornada, acredito que, assim como eu, você encontrará muito mais do que esperava.
Quanto mais instruída, inteligente e reprimida é a pessoa, mais necessita de métodos para canalizar os impulsos primitivos que subjugou com tanto esforço. Caso contrário, essas forças ancestrais poderosas acumularão força e energia até se tornarem violentas o bastante para romper as amarras, e tanta violência acumulada costuma, com frequência, suplantar totalmente a vontade.
A história secreta
E como levamos as pessoas à loucura? Aumentavam o volume do monólogo interno, ampliavam características já existentes ao exagero, faziam que as pessoas fossem elas mesmas até um nível insuportável. […] O mais trivial entre nós sabe que o amor é um mestre cruel e terrível. A pessoa perde o ego por causa do outro, mas ao fazê-lo submete-se ao deus mais deprimente e caprichoso de todos.
a história secreta

A história secreta
Donna Tartt
- ISBN:
- 9788571644373
- Autoria:
- Donna Tartt
- Editora:
- Companhia das Letras
- Páginas:
- 520
Betty Gaeta
Oi Clayci,
Eu li este livro e é uma pena que a Donna Tart não seja uma autora muito prolixa, é dela também “O Pintassilgo” , um dos livros mais perfeitos que já li. A História Secreta é um livro que nos leva a pensar em que ponto as pessoas podem chegar.
Amei ler a sua resenha e relembrar este livro incrível.
Beijos
Clayci Oliveira
to doida pra ler o Pintassilgo
Vanessa
Olá!
Apesar de algumas partes da histórias serem repetitivas e por isso fazer a leitura se estender um pouco eu amei tanto essa edição que fiquei com vontade de ler esse livro.
Vou procurar com certeza para desvendar o mistério.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Clayci Oliveira
Fico tão feliz que tenha se interessado pela leitura ?
Camila
Oi, Clayci.
Que saudades de aparecer por aqui, e como está lindo seu cantinho.
Eu não conhecia o gênero, e confesso que não é muito minha praia.
No entanto gostei de saber mais sobre o gênero e realmente tem muito sua vibe.
Beijos
Clayci Oliveira
Bom demais ter você por aqui Ca ?
Ana
Acho interessante a melancolia inerente a esse tipo de histórias. E, acabam por se tornar leituras ricas, muito próximas do estado psicológico das pessoas e da sociedade, onde infelizmente a violência é um problema que persiste. Mas, ultimamente estou numa onda de leitura completamente diferente. 😀 Um abraço