Encanto chegou em uma “boa hora!” Assisti a esta animação na véspera de ano novo com a famÃlia e nos emocionamos com a história. Porém, apesar de Mirabel ser a heroÃna e carregar o fardo de ser o “milagre” da famÃlia Madrigal, foi LuÃsa quem chamou a minha atenção.
Luisa Madrigal usa a sua força para garantir que todos ao seu redor sejam ajudados. De todos os irmãos, ela é a mais focada nas tarefas e a menos inclinada a pedir ajuda. Mas, na cena em que ela canta “Surface Pressure” é possÃvel identificar o sentimento de inadequação e o peso que carrega por assumir o papel que lhe foi dado:
Estou nervosa Se eu não for generosa, me sinto ociosa Não posso cansar, não posso falhar Será que eu vou quebrar? O que me faz quebrar? Pressão é como um tic, tic, tic Que não quer parar, whoa A pressão faz tic, tic, tic Pronta pra estourar, whoa-o-oa
Na verdade, todos os personagens carregam o compromisso de “ser útil” a todo momento. E a magia acaba quando percebem que as suas necessidades são desprezadas. Enquanto eles não entenderem que essa expectativa e autocobrança estão prejudicando; e que é preciso fazer as pazes com a própria vulnerabilidade, nada vai melhorar.
Burnout: O que ninguém te conta sobre “ser a sua melhor versão todos os dias”

E como não se identificar com essa pressão? Li recentemente o livro “Não aguento mais não aguentar mais“, de Anne Helen Petersen e parei pra refletir sobre como medimos nossos valores pelo quanto trabalhamos. Assim como a LuÃsa, giro em torno de realizações e produtividade.
No livro, a jornalista analisa a crise que vivemos e explica como fomos criados para acreditar que, se nos esforçássemos o suficiente, poderÃamos nos destacar e viver confortavelmente. E na animação, no momento em que Mirabel para pra conversar com LuÃsa, dá pra notar que ela não quer parar. No livro, logo no inicio, temos uma comparação: Exaustão significa ir até um ponto em que não é possÃvel ir além; Já o Burnout significa chegar a esse ponto e se forçar a continuar, por dias, semanas ou anos.
E LuÃsa apareceu pra me lembrar que não adianta estar 100% presente. No momento que ela “perde” o seu dom, ela começa a reconhecer o valor que agrega à famÃlia Madrigal, só por ser quem ela é.
Eu amo fazer journal, mas sei que não é organizando o meu dia, fazendo checklists e cumprindo todas minhas tarefas diárias que vou me sentir realizada. E não adianta vir com soluções de curto prazo, como se fosse um manual de sobrevivência. Sei que é preciso fazer pausas frequentes, ser gentil comigo mesma, comer e dormir no horário certo, além de definir limites.
Mas assim como no filme, precisamos de apoio. LuÃsa só conseguiu descansar e se desligar da pressão, quando a vila parou para ajudar a sua famÃlia. E quem sofre de burnout vive algo parecido, enquanto não surgirem soluções coletivas e reconhecerem que esse problema é estrutural, vamos viver esse “tic tic tic” que não quer parar.
Já assistiu Encanto?
Andreia
Também gostei muito de Encanto 🙂
Sabe dizer onde comprou esse print de Shakespeare? Achei um máximo xD
Clayci Oliveira
Oi Andreia <3
fui eu mesma que fiz hahahahahah
fico feliz que tenha gostado
Ane
Também assisti Encanto no final do ano com a famÃlia e foi praticamente impossÃvel não parar para refletir como cada personagem desempenha um papel dentro da famÃlia Madrigal e fazer um paralelo com a vida real. O Burnout veio dar nome a algo que muitos vivenciavam, mas não sabiam como explicar ou como buscar ajudar.
Adorei a forma como você conectou os assuntos nos fazendo refletir ao mesmo tempo que nos desperta a curiosidade tanto para ver/rever o filme como ler o livro.
Barbara Bueno
Oi Claicy
Ainda não assisti “Encanto”, mas tenho vontade.Ouvi falar que o livro “Cem anos de solidão ” serviu de inspiração e agora estou confusa se assisto “Encanto ” antes ou leio o livro.
Depois da sua reflexão eu fiquei ainda mais com vontade de assistir ao filme ?
É assustador como a sociedade nos pressiona tanto que o bournout ,ansiedade e depressão vem se tornando cada vez mais comuns.
Beijos
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com
Débora
Eu gostei tanto de Encanto! Fiquei cantando as músicas do filme por dias.
Luisa também foi a personagem que mais me chamou atenção. Esse negócio de carregar tanta pressão é tão presente. Não sei se são os tempos que vivemos ou se sempre foi assim. Mas acredito que muita gente sentiu na Luisa o reflexo das próprias pressões que carrega.
E a música tema de Luisa é tudo, né?! Há momentos que acalma e outros que gera uma verdadeira aflição (a tal da pressão). Enfim, é um ótimo filme e traz muitas reflexões.
Beijinhos
Gabriela Miranda
Nossa, gostei muito do seu post. Recentemente terminei de ler um livro chamado “A formação da afetividade” e num determinado momento u autor apresenta a sÃndrome do Burn Out. Eu já tinha ouvido falar nela, mas não conseguia compreender de que forma poderia acontecer, já que o trabalho sempre me pareceu uma ótima fonte de gratificação. Lendo esse livro compreendi o que você também expôs nesse texto: precisamos ver o trabalho com um olhar equilibrado. Esquecer das nossas próprias necessidades fÃsicas e emocionais é algo realmente grave, mas esse comportamento muitas vezes é vendido como o modelo de “dedicação total”. E acabamos pensando que, à s custas de nossa própria saúde, tudo vale a pena. Mas isso não é verdade.
Gostei muito da ideia do filme trabalha essa temática, porque esse assunto ainda precisa ser mais discutido a fim de que nossa sociedade deixe de sofrer tanto com doenças psicológicas.
Além disso, estou encatada com seu blog! Parabéns pelo seu trabalho.
https://petalasdemaio.blogspot.com.br/
Renata Carvalho
Ainda não assisti Encanto, já estava na minha lista pra assistir em algum momento, mas depois do seu post eu fiquei muito curiosa e acho que vou assistir hoje a noite mesmo!
Eu adoro como a Disney consegue fazer algumas animações cheia de mensagens e coisas pra nos levar a refletir sobre diversas questões da vida, e cada vez mais atuais, não são só simples desenhos pra criança. Muito bom mesmo!
Beijos,
Livro de Memórias
Alécia Magalhães
Não assistir o filme, mas vi um vÃdeo sobre e achei super curioso
Abraços,
Alécia, do Blog ArroJada Mix
Karolini Barbara
Eu assisti Encanto, um pouco atrasada, bem depois do Ano Novo e Natal. huahuahuahuahua
E como toda animação da Disney eu gostei muito! Não teve como não encantar e me emocionar com a mensagem por trás de todo filme que eles produzem.
Achei pertinente o que falou, confesso que não conheço muito sobre o Burnout. Eu não consigo usar o journal para me organizar, o uso apenas como diário e uma forma de soltar a minha criatividade. Foi um novo hábito que resolvi praticar esse ano. Agora que estou de férias do serviço e só volto a trabalhar em janeiro, eu até comecei na primeira semana organizando umas coisas que gostaria de fazer, e depois que fiz eu resolvi me desligar de organizar minha semana e mês, e passei a simplesmente deixar fluir. Só continuo com meus hábitos e curtindo os amigos.
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Dai Castro
Eu ainda não assisti! Me passou meio que despercebida essa animação, mas vou tentar ir atrás. Apesar de continuar com o journal, não tenho mais vontade de fazer check list enormes. Quando faço é só pra me organizar mesmo, em dias que preciso. É difÃcil a gente perceber que estamos muitas vezes, passando dos nossos limites, seja em ajudar as pessoas, seja em nos deixar em segundo plano pra priorizar outras coisas. Notar isso, já é um passo importante.