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O mal nosso de cada dia (Só tem pecador nessa história) – Donald Ray Pollock

Finalmente li O mal nosso de cada dia! Eu realmente não estava esperando nada dessa leitura, até saber que teria uma adaptação cinematográfica. Quando vi o elenco que faria parte do longa, fiquei bem animada; e por isso passei o livro na frente dos demais.

O título é perfeito para a história. O Mal nosso de cada dia é cruel, impiedoso, cheio de violência e com vários personagens repulsivos. Temos um ambiente sórdido e os crimes acontecem com tamanha naturalidade, que chega o momento em que nem chocam mais o leitor. Assassinatos, estupros, suicídio, prostituição, sacrifício de animais, fanatismo religioso e morte – muita morte.

“É difícil seguir a vida sempre do lado certo” disse. “Parece que o Diabo não descansa nunca”.

O mal nosso de cada dia – Donald Ray Pollock

O MAL NOSSO DE CADA DIA: SOBRE A HISTÓRIA

A história começa logo após o fim da segunda guerra mundial. Willard Russel, um veterano de guerra, volta para a cidade em que nasceu carregado de traumas. Mas antes de chegar em seu destino, o soldado faz uma parada em Ohio e lá conhece o amor da sua vida. Willard cresceu em um lugar onde a religião era totalmente predominante. E desde quando viu um soldado morrer em uma cruz, não quis mais fazer orações.

Entretanto, as coisas mudam quando ele decide ter uma vida ao lado de Charlotte. Por mais que sua mãe tivesse feito uma promessa, para caso o filho voltasse para casa com vida; não se envolveu em sua decisão. Emma queria que Willard casasse com a orfã Helen e acreditava que ele poderia fazer a solitária e religiosa jovem feliz.

Porém, o destino quis que eles seguissem caminhos diferentes. Helen se casa com um pastor incomum (que come insetos enquanto prega ao lado do primo cadeirante); Já Willard se casa com a garçonete que conheceu em Ohio, Charlotte. Não sabemos se o caminho e as decisões tomadas por Helen e Wilard teriam consequências devido à promessa que não fora cumprida. Contudo, o destino não fora nada gracioso com o futuro deles.

Arvin e Leonra

Willard e Charlotte tiveram um filho chamado Arvin. Por alguns anos, essa família foi feliz e faziam planos para comprar a casa em que moravam. No entanto, Charlotte adoece e Willard faz de tudo para evitar que o pior aconteça. Em sua dor, o ex-soldado submete seu filho a situações caóticas e assustadoras. Arvin Russel cresceu sendo exposto a todo o fanatismo religioso do pai e vendo toda violência cometida justificada em “nome de Deus”. E apesar de tentar fazer tudo que seu pai mandava, o jovem acabou perdendo a sua família e precisou morar com a sua avó, Emma.

Helen não teve um destino muito diferente, pois foi assassinada pelo pastor com quem casou e teve uma filha chamada Lenora. Mais uma vez o fanatismo religioso tira a vida de alguém inocente. A criança também foi criada por Emma e desde então os “primos” criaram um vínculo de afeto e cumplicidade.

Só que para conhecer Arvin, o autor precisou desenvolver a história de outros personagens que se ligam em algum momento ao destino do jovem. Além de Lenora – que ele defende e protege de todo bullying que ela sofre; seu caminho acaba se cruzando com o do xerife Lee.

Os personagens sombrios de o Mal nosso de cada dia

Lee conheceu Arvin quando ele ainda era uma criança. Foi ele quem atendeu ao chamado no dia em que Arvin perdeu os pais. O xerife é uma pessoa desprezível e participa de vários trabalhos ilegais. Capaz de “apagar” quem se atrever a prejudicar o seu cargo.

Sandy (irmã do xerife Lee) e Carl são outros dois personagens importantes na trama. A ligação entre eles é bem sinistra; eles cometem vários assassinatos enquanto viajam e oferecem carona para as suas vítimas. Sandy precisou abandonar os seus estudos e trabalhar como garçonete – foi Lee quem arrumou esse emprego. Porém, a jovem acaba caindo no papo de Carl e se casa com ele. Mas também acaba entrando para o mundo do crime e prostituição ao lado do seu marido. Inclusive, ele é um dos personagens mais sombrios dessa história.

Já o reverendo Preston aparece para substituir o pastor da cidade que está doente. Só que ele não queria essa vida, pois seu objetivo era estudar Direito. Entretanto, sua mãe o obrigou a se formar em teologia. Preston é mais um fanático religioso que usa seu status para encobrir os crimes que comete. Ele tem uma imagem alterada da religião e é pedófilo. E já que estamos falando de pastores, não posso esquecer de mencionar o pregador Roy, que viaja com seu primo cadeirante Theodore. A relação entre eles é sinistra também, mas Roy é manipulado pelo primo que sente atração por ele.

O que achei do filme o Diabo de Cada dia

Eu sempre evito fazer comparações, pois são formatos completamente diferentes, cinema e literatura. Gostei e muito da adaptação da Netflix e achei que o elenco foi maravilhoso (não deixaram a desejar em nada). Mas senti que algumas coisas fizeram mais sentido apenas para quem leu o livro. É claro que fica difícil se aprofundar em todos os personagens em um longa de 2h de duração. Por isso, acredito que uma série renderia melhor em conteúdo trabalhado.

No entanto, alguns detalhes ficaram subentendidos. A relação entre o próprio Roy e o primo dele, por exemplo. Da mesma forma que o Carl não foi bem aproveitado. Ele é um serial killer e no filme os crimes deles ficaram desconexos. Confesso que imaginei que teríamos várias cenas fortes, pois no livro é morte atrás de morte, principalmente sacrifício de animais (por causa do pai do Arvin). Contudo, foram bem cuidadosos ao mostrar tais cenas e não tive tanto choque assim.

Algumas outras eu achei que ficaram melhores no filme do que no livro. Quando Arvin confronta Preston, por exemplo. Tom Holland colocou tanta emoção naquela cena ao mostrar suas motivações, que fiquei ainda mais apaixonada pelo ator. Eu gostei e muito do filme, mas se puderem dar uma chance para a leitura, recomendo. Já leram O mal nosso de cada dia?

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comentários

  • Lorena Alves

    Tô adorando visitar e ler seus conteúdos, são sempre os melhores!

    responder
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