Maternidade


O banho que virou meu ritual de autocuidado no puerpério

Demorou um pouco para entender que eu sofri violência obstétrica.
Meu parto foi emergencial, e a equipe que me atendeu foi maravilhosa.
Fiquei alguns dias internada na UTI, a Cora foi para a neonatal e, graças a Deus, também foi muito bem cuidada. Mas foi no pós-parto que as coisas começaram a doer de um jeito diferente.

Eu só queria ir pra casa com a minha filha. Mas precisei esperar.
E nesse tempo, vivi um turbilhão que só fui conseguir nomear quase um ano depois.
Porque entre a cirurgia, os dias afastada da Cora, os protocolos, os olhares frios e os silêncios… algo dentro de mim também ficou em observação.

Ficar longe dela me deixava ansiosa, e isso não ajudava em nada na recuperação.
Quando finalmente voltamos pra casa, o que eu mais queria era não desgrudar dela nunca mais. Eu estava com dor, cansada, tentando entender tudo o que tinha acabado de viver, mas ainda assim me dedicava a ela em tempo integral.

O ensaio newborn da nossa raposinha
Foi aí que o banho virou mais do que só um banho.
Virou meu ritual.

No começo, era só o tempo que eu tinha pra respirar.
Entrava no chuveiro e ficava ali, parada, deixando a água cair como se lavasse também tudo o que eu não conseguia colocar pra fora.
Não era longo. Nem sempre era calmo. Às vezes, eu tomava banho com pressa, com o ouvido atento e o peito apertado.

Mas aos poucos, comecei a enxergar aquele momento como um intervalo meu.
Passei a fechar os olhos por alguns segundos.
A usar o sabonete que mais gostava.
A deixar uma música baixinha tocando, só pra lembrar que eu ainda tinha gosto por coisas pequenas.

Esse banho virou meu mini ritual de autocuidado.
Era o único momento do dia em que eu me sentia um pouco mais comigo. E isso me salvava. Não em proporções épicas.
Porém o suficiente pra eu voltar, olhar pra minha filha e lembrar: eu tô aqui.
Ainda sou eu. E ainda consigo cuidar dela e de mim.

Calma mamãe!

Se você está passando por um início difícil, ou se já passou por algo que só agora está conseguindo nomear…
Se sente que perdeu o chão, o tempo e talvez até um pedaço de si mesma…
Quero te dizer: tem espaço pra você também.

Mesmo que o dia esteja todo preenchido.
E que você ache que não tem tempo pra nada.
Mesmo que o banho seja o único lugar onde você consegue respirar um pouco mais fundo…

Cuide de si. Nem que seja por cinco minutos.
O autocuidado não precisa ser elaborado.
Às vezes, tudo o que a gente precisa é de um pouco de silêncio, água quente e o lembrete de que ainda existe vida dentro da gente.

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