Você já leu Inferior é o Car*lhø? Se alguém dissesse que eu recomendaria algum livro sobre feminismo há alguns anos atrás, eu daria risada. Eu já falei muita besteira sobre a causa e até comprei briga com pessoas que só estavam tentando me ajudar a compreendê-la melhor. Eu fui criada em uma família conservadora e até poderia usar isso como justificativa, mas não seria correto. Apesar de crescer em um ambiente em que eu ouvia que era “preciso me dar ao respeito”, minha mãe sempre dizia: “não deixe nenhum homem mandar em você”.
Eu só tenho que agradecer às pessoas que insistiram e não desistiram de mostrar como eu estava errada. Leva tempo para compreender e se livrar de padrões que nos cercaram a vida toda. E hoje todas as minhas atitudes, pensamentos e crenças passaram a ser questionadas. Eu poderia odiar o feminismo por causa disso, pois essa nova forma de pensar dificultou a minha convivência com a família e amigos. Mas quando pude compreender o sofrimento que eu causava em outras pessoas, só pela minha forma de agir, tudo ficou mais claro. Hoje tenho uma preocupação constante e consigo ver de perto como é cruel ser julgado por alguém opressor.
Confiamos aos cientistas a missão de nos alimentar com fatos objetivos. Acreditamos que a ciência oferece uma história livre de preconceitos. É a nossa história, partindo da própria aurora da evolução. Quando o assunto é mulher, uma enorme parte dessa história está errada”
Angela Saini
mais ciência; mais respeito; mais verdade.
É uma luta diária! Sabemos que o machismo está estabelecido em nossa sociedade. Até porque todo dia surge uma notícia triste envolvendo pelo menos uma mulher. E quando soube desse lançamento da Darkside Books fiquei empolgada. Angela Saini pesquisou e decidiu desvendar a ciência, mostrando como ela estava errada esse tempo todo. Em Inferior é o Car*lhø a autora esclarece e apresenta várias mentiras que o estudo propagou sobre as mulheres; e também como isso colaborou na desigualdade entre os gêneros. É isso mesmo que você leu: essa desigualdade não surgiu por acaso. Isso tudo é reflexo de uma sociedade que por muito tempo errou ao atribuir o papel da mulher.
É claro que devemos levar em consideração o período da História, mas a ciência que conhecemos foi feita a partir de uma perspectiva masculina. As mulheres podiam fazer ciência, desde que a mesma fosse usada para recreação. Charles Darwin, pai da teoria da evolução, ao observar o processo evolutivo da humanidade, ao longo de milhares de anos, disse ser possível comprovar que mulheres eram menos evoluídas do que os homens.
Caroline Kennard, em 1881, questionou a afirmação de Darwin que dizia que “a inferioridade da mulher era baseada em princípios científicos” e escreveu uma carta a ele pedindo que reparasse o erro contido em sua confirmação. Na época, Darwin respondeu a sua carta, porém apenas para reafirmar a sua posição. Não contente, Caroline tornou a responder à Darwin com a verdade que conhecemos desde então: “Deixe que o ‘ambiente’ das mulheres seja semelhante ao dos homens, e com as mesmas oportunidades, antes que elas sejam julgadas – de maneira honesta – e consideradas intelectualmente inferiores à eles, por favor”.
Mais sobre a obra:
Angela Saini é britânica, jornalista independente de ciência e autora de dois livros. Ela apresenta programas científicos na bbc Radio e seus artigos são publicados no Guardian, The Times, Prospect, New Scientist, Wallpaper, Vogue, Marie Claire, Science, New Humanist, Wired, entre outros. Ela já foi agraciada com inúmeros prêmios nacionais e internacionais de jornalismo. Saiba mais em angelasaini.co.uk.
Através do livro pude me familiarizar com vários nomes que até então eu desconhecia. Mulheres que são/ foram responsáveis por nos libertar das amarras do passado. Fiquei com vontade de pesquisar mais sobre cada uma delas. Angela apresenta em cada capítulo um recorte na história da ciência, que alimentou o mito de que as mulheres são inferiores. Ela entrevistou vários especialistas para obter os dois lados da história.
Achei essa leitura necessária para desconstruir ideias ultrapassadas. Não é um livro apenas para mulheres e/ou feministas; é uma leitura recomendada para todos. Foi uma pesquisa bem feita e a autora deixa claro que mesmo sendo uma luta protagonizada por mulheres, temos que contar com a ajuda de ambos os lados. Sem falar que essa edição está linda e merece todo o destaque!´E fiquei toda emocionada quando vi meu nome nos Agradecimentos Especiais. <3
Inferior é o Car*lhø se tornou um dos meus favoritos!
Natália Góis
Faz tempo que quero ler essa maravilha. Tua resenha e teus comentários só me deixaram com mais vontade ainda. Quero ler tbm Mulheres que correm com lobos.
Clayci
Mulheres que correm com os lobos tbm está na minha lista de desejados <3
Aline
Oi Clayci!
Primeiro eu quero dizer o óbvio: os livros da DarkSide são lindos demais. Cada edição maravilhosa…
Agora vou comentar sua resenha que está incrível. Não conhecia esse livro, mas é um assunto que muito me interessa, uma vez que venho lendo cada vez mais sobre feminismo e as questões de desigualdade de gênero… Fiquei bem curiosa sobre o livro porque, como você disse, ele é o resultado de uma pesquisa bem feita e isso enriquece o diálogo sempre.
Adorei a resenha!
Um beijo.
Clayci
Recomendo!!! Torcendo para vc conseguir dar uma chance para essa leitura em breve <3
Nilda de Souza
Eu também tenho mudado muitas concepções que eu tinha sobre determinados temas. Tenho acho ótimo me reconstruir. Acho que isso é evoluir. O mundo tenta de todas as formas deixar o ambiente das mulheres mais difícil. O mundo tem sido dos homens, mas tenho esperança em relação ao futuro menos machista, menos misógeno. Quero muito ler esse livro. Uma obra necessário.
Clayci
Simmmm evoluir é bom demais <3
Isabelle Brum E Silva
Oi Clayci, tudo bem?
Esse livro é “hino” já pelo título. E pelo que ele aborda então… nossa. Mega necessário!!!
É impressionante o quanto o machismo está enraizado e impregnado na nossa sociedade, na nossa história, e ter obras como esta nos dá uma esperança de que as coisas vão mudar, que estão caminhando para a mudança, já que assim cada vez mais pessoas poderão ler, se informar e se dar conta de que tais atitudes preconceituosas contra a mulher são errada apesar de não percebermos de imediato (como os discursos que escutamos diariamente dentro de casa de que mulher é pra isso, homem é praquilo, e etc.)
Anyway, parabéns pela resenha e por divulgar este livro.
Beijinhos e bom final de semana.
Isabelle
https://blogalgodotipo.wordpress.com/
Clayci
Adorei ler o seu comentário. <3<3
Muito obrigada
Jessica
Olá Clayci,
Quando vi o lançamento desse livro fiquei super empolgada para ler, pois é um obra forte e necessária na minha opinião.
Fico feliz que você tenha outra visão sobre o feminismo hoje.
Clayci
<3 <3
Maria Luíza Lelis
Oi, Clayci! Tudo bem?
É tão interessante ver como nossa forma de ver o mundo e as nossas opiniões vão mudando com o tempo né? Eu também revi vários conceitos ao longo da minha vida, incluindo o que eu pensava sobre feminismo. Hoje eu entendo muito melhor o quanto nós mulheres ainda temos que enfrentar diariamente e quantos padrões e amarras sociais carregamos. Achei que a proposta desse livro incrível e parece ser o tipo de leitura que deve ser feita por todos.
Adorei sua resenha e essas fotos maravilhosas. Quero poder ler esse livro em breve.
Beijos!
Clayci
Isso é muito bom!!! Evoluir sempre <3
Debyh
Olá,
Eu cresci numa ambiente bem parecido com o seu (ao menos pelas frases que você citou eu entendi isso). E realmente a partir do momento que vem todo o questionamento sobre qual é o papel da mulher (resposta: é o que ela quiser hahahaha) tudo parece mais complicado e questionador. Hoje em dia eu tento levar as coisas mais amenas, mas eu passei por toda essa coisa de revolta contra o machismo (claro ainda tenho essa revolta, mas pego mais leve para o meu próprio bem). O conteúdo do livro parece interessante.
Clayci
Sim, não curto extremismo tb. =)
cris
Oi Clayci!
Não conhecia esse livro e para falar a verdade eu não ia comprar só pelo título, mas lendo sua resenha deu para perceber do que realmente se trata, de um grito de libertação, uma voz que exige seus direitos. Parabéns pela resenha fiquei surpresa com ela, pois foi sincera e bem descrita, obrigado pela dica, já anotei para futuras leituras. Bjs!
Clayci
Ahh super feliz que tenha gostado <3
Fernanda Santos Barroso
Olá!
Menina como você, eu cresci e durante muito tempo fiquei presa a pensamentos e ideias machistas, o que é uma pena. Ainda me vejo cometendo alguns erros, alguns deslizes, porque infelizmente costumes são coisas que não perdemos com facilidade, mas o bom de termos agora um pensamento mais esclarecido sobre esse assunto é justamente conseguirmos nos avaliarmos e mudarmos o que vimos de errado. Tenho sentido que cresci muito nesse aspecto. O livro parece ser cheio de informações valiosas e que devemos conhecer. Não só estou anotando a dica como também a passando adiante!
Abraços
Clayci
Eu também cometo alguns deslizes, mas só o fato de termos consciência isso é muito bom
Liv Resenhas Caóticas
Adorei a resenha, já li algumas ficções que sempre apresentam protagonistas mulheres fortes, que tentam quebrar paradigmas e mostrar que são tão boas ou melhores que os homens, assim como personagens que estão sempre apontando para atitudes machistas nas histórias.
Acho muito bom ver uma pesquisa científica sendo publicada por uma editora popular, pois eu vejo um distanciamento muito grande da ciência e do público hoje em dia. Quero muito ter a oportunidade de ler!
Clayci
Ahh espero que consiga dar uma chance para essa leitura em breve <3