Assim que A Paciente Silenciosa foi publicado no Brasil, vi várias resenhas sobre o livro no instagram. Muitas pessoas elogiaram o thriller e ele se tornou um dos livros mais vendidos. Apesar de ter me interessado pela premissa, decidi esperar a hype passar. E agora que finalmente li esta história, quero compartilhar a minha experiência com vocês.
É estranho como a gente se adapta rapidamente ao pavoroso mundo de um hospital psiquiátrico. Ficamos cada vez mais à vontade com a loucura, e não apenas a loucura dos outros, mas a nossa própria.
A Paciente Silenciosa
Sobre a paciente silenciosa
A trama gira em torno de Theo, um psicoterapeuta que se atrai pela história de Alicia Berenson. Porém, antes de falar sobre esse fascínio e o porquê de Theo querer ajudá-la, preciso apresentar o caso da nossa paciente.
Alicia e Gabriel Berenson viviam um relacionamento aparentemente feliz. Gabriel era um fotógrafo conhecido e renomado; Alicia estava começando a criar a sua identidade no mercado da arte como pintora. Ainda que tivessem um relacionamento saudável, Alicia decide registrar a sua rotina em um diário, a pedido do seu companheiro.
Tudo estava indo bem, até que ela o mata. Alicia disparou cinco tiros em Gabriel e depois tentou cometer suicídio. Ela foi socorrida a tempo, mas após o trágico episódio, parou de falar. A artista foi julgada como incapaz de responder pelos seus atos e desde então vive em um hospital psiquiátrico. Na época, muitos consideraram o seu silêncio como uma estratégia para fugir da prisão. No entanto, seis anos se passaram e Alicia continua muda.
O uso da psicoterapia na história
Alguns profissionais tentaram fazer com que a artista falasse nesse período. Todavia, por ter uma personalidade borderline (transtorno caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor e comportamento) ela vivia medicada.
Theo Faber é um psicoterapeuta forense e fez de tudo para se aproximar dessa paciente. Ele conseguiu uma vaga no hospital em que ela estava internada e deixou claro o seu desejo de trabalhar nesse caso. Desde que viu Alceste, um quadro pintado por Alicia, ele desconfia do seu silêncio e acha que existem mais coisas por trás do crime. Theo acredita que a psicoterapia ajudará Alicia a resolver suas questões emocionais e a desvendar esse mistério.
Como toda a equipe médica previa, não houve evolução. Theo pediu para que reduzissem o uso de seu medicamento para – quem sabe – a paciente conseguir se expressar de alguma forma. E aos pouquinhos, o psicólogo foi conquistando a sua confiança e interesse. Embora não falando, Alicia reagia às consultas através de expressões faciais.
Envolvimento emocional
Só que o psicoterapeuta ficou tão envolvido com o caso, que começou a agir de forma impulsiva para conseguir informações precisas. Theo deixou a ética de lado para procurar pessoas próximas de Alicia e buscar mais informações sobre o seu estado psicológico. E foi por isso que as suas sessões foram canceladas: por se envolver emocionalmente com o processo.
O problema é que Theo não sabia explicar o porquê dessa atração. De alguma forma, ele se identificava com a sua história de vida. Ele cresceu em um ambiente hostil – assim como a Alicia, e também enfrentava problemas no seu relacionamento atual. Ele não tinha dúvidas de que Alicia era culpada pelo assassinato de Gabriel, mas criou uma empatia pela sua história.
O que achei de A Paciente Silenciosa
Eu amo thrillers psicológicos, mas não sei se é porque já li tantos livros desse gênero, que não consegui me surpreender com a trama. Eu consegui deduzir o mistério na metade do livro, mas ainda sim fiquei envolvida com os personagens.
Preciso reconhecer e parabenizar Alex Michaelides, pela forma com que usou a psicologia nessa história. O autor utilizou citações e teses de renomados psicanalistas e conseguiu construir uma excelente narrativa. Fiquei envolvida, e senti que participei das sessões com a Alicia; da mesma forma que consegui entrar em sua mente através do seu diário.
Mesmo não me surpreendendo com o desfecho, é um livro que recomendo. E se você ainda não leu, vou citar 3 motivos para se jogar em a paciente silenciosa:
1 – A Paciente Silenciosa vai virar adaptação futuramente
O livro é um roteiro pronto. Conseguia imaginar todas as cenas enquanto lia. A Annapurna Pictures e Plan B compraram os direitos cinematográficos como parte de um acordo de produção de três anos. Apesar de não ter datas confirmadas, já estou na expectativa.
2 – O narrador é um psicoterapeuta
Quando falamos de Thriller psicológico, estamos acostumados a lidar com investigações policiais. Mas em a Paciente Silenciosa, nosso “detetive” é o seu terapeuta. E isso faz com que a leitura fique ainda mais fluída, pois ele apresenta de maneira simples alguns conceitos da área. Mesmo sendo uma ficção, o livro aborda assuntos sérios como: abusos psicológicos, físicos, traumas e estrutura familiar. Alex Michaelides, tem vivência na área. Ele realizou uma pós-graduação em psicoterapia e trabalhou meio expediente em uma clínica psiquiátrica por dois anos.
3 – Se você não tem costume de ler o gênero: ele tem um plot twist de respeito.
Cheguei a mencionar que o livro não me surpreendeu tanto assim, mas porque achei alguns personagens superficiais. Mesmo desvendando o mistério na metade da leitura, não significa que não gostei. O autor preparou o ambiente para que o leitor criasse teorias e se atentasse às pistas. E o final? Ele soube fechar todos os pontos.
A paciente Silenciosa
Alex Michaelides 350
- Autoria:
- Alex Michaelides
- ISBN:
- 9788501116437
- Editora:
- Record
- Autoria:
- 350
Betty Gaeta
Oi Clayci,
Li este livro e achei o final surpreendente! Não quero falar muito por causa do spoiler.
Beijos